Nova Iorque - O Brasil foi eleito ontem para uma vaga de membro temporário do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU). O País assume uma cadeira no órgão a partir de janeiro, com mandato de dois anos.
Também foram apontados pela Assembleia Geral para as vagas temporárias Nigéria, Bósnia, Líbano e Gabão. Nenhum dos cinco países tinha concorrentes regionais na disputa pelos postos e os vencedores saíram em primeiro turno de votação.
É a segunda participação do Brasil no CS durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva a primeira foi entre 2004 e 2005 e a décima participação do País desde a criação do órgão, em 1946.
O Líbano e a Bósnia estarão em uma rara posição no organismo mais poderoso da ONU: ambos são alvos de investigação do CS, ao mesmo tempo que o integrarão.
"Será um Conselho de Segurança ainda mais forte, acredito, no ano que vem", disse o embaixador britânico na ONU, John Sawers. "Nós temos dois grandes países, Brasil e Nigéria, que carregam o peso de serem potências regionais. Temos dois países, Líbano e Bósnia, que passaram por conflitos e podem trazer suas próprias experiências ao Conselho de Segurança."
Nos casos de Líbano e Bósnia, o diplomata britânico acrescentou ainda que o espaço no CS pode ajudar a fortalecer os sistemas de governo locais. A Bósnia nunca tinha ocupado um posto no órgão.
O CS tem 15 membros, sendo cinco deles permanentes, com poder de veto: Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, China e Rússia. Para a entrada dos cinco novos membros, deixarão o órgão Burkina Faso, Costa Rica, Croácia, Líbia e Vietnã. Os cinco membros eleitos no ano passado México, Áustria, Japão, Turquia e Uganda ficam até 1.º de janeiro de 2011.
Prioridades
"As prioridades do país como membro eleito do Conselho incluem a estabilidade do Haiti, a situação na Guiné-Bissau, a paz no Oriente Médio... e um enfoque que articule a defesa da segurança com a promoção do desenvolvimento socioeconômico", afirma o documento.
"Nós sempre demos uma contribuição para a paz mundial e, com essa escolha, continuaremos dando", disse a jornalistas o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, pouco antes do anúncio dos escolhidos, durante a 2.ª Conferência das Comunidades Brasileiras no Exterior, no Rio de Janeiro.
Para Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da PUC-SP, a eleição do Brasil para o CS da ONU acontece num momento favorável para a pretensão brasileira de tornar-se membro permanente do Conselho.