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Foram meses de especulações. No entanto, em menos de 30 dias, o grupo britânico Pearson anunciou duas operações ousadas que mudariam em definitivo a imagem do conglomerado. Desfez-se do jornal “Financial Times” (FT) e da revista “The Economist”, marcas reconhecidas internacionalmente e tidas como ícones britânicos, depois de quase seis décadas. Por trás da decisão, estariam o desejo de dedicar-se integralmente ao mercado de educação mundial — que segundo estimativas da própria Pearson movimenta em torno de US$ 3 trilhões e hoje é seu carro-chefe — e as propostas consideradas financeiramente irrecusáveis.

Para garantir os bons resultados aos acionistas, o grupo decidiu investir pesado em um punhado de países que considera mercados de crescimento rápido, e colocou o Brasil no topo da sua lista.

O país representa só 2% da fatia de vendas de franquias, serviços e produtos do grupo, o mesmo percentual de Canadá, Austrália e África do Sul. Seu principal mercado está nos EUA, com participação de 60% do total, seguido pelos países da zona do euro e China, ambos com 6%.

— O universo da educação está mudando profundamente, a partir da globalização, das classes médias emergentes em países como Brasil, Índia e China, e da revolução da tecnologia digital. O número de alunos que vão para as universidades mundo afora deve triplicar nos próximos 20 anos — disse o presidente do grupo, John Falllon.

Nos últimos cinco anos, o braço brasileiro da Pearson alcançou com produtos e serviços nas áreas educacionais e de idiomas cerca de cinco milhões de alunos, do ensino básico à universidade e investiu R$ 2,8 bilhões a partir da compra dos Sistemas de Ensino — COC, Pueri Domus, Dom Bosco e NAME — e do Grupo Multi, com marcas conhecidas no país como Wizard, Yázigi e Skill.

Emprego melhor ou ponto de partida

Na avaliação do executivo baseado na capital britânica, a venda do FT para o grupo japonês Nikkei e de sua participação de 50% na revista “The Economist” para os seus sócios foram bons negócios tanto para a Pearson quanto para os acionistas. E as duas operações dão ao grupo ímpeto para se voltar para o que avaliam ser a maior oportunidade de crescimento: a demanda global por qualificação.

— Estamos vinculando nosso futuro ao que será uma das maiores histórias do crescimento global na próxima década. Se você conversar com pais do mundo todo, ricos e pobres, a única coisa que importa para eles é equipar seus filhos com mais qualificação e conhecimento para que possam ir para a universidade ou aprender inglês como segundo idioma, porque é isso o que lhes permitirá conseguir um emprego melhor ou um ponto de partida melhor na vida — disse Fallon.

No fim de julho, a Pearson anunciou a venda do FT Group, que publica o jornal FT para o grupo japonês Nikkei por 844 milhões de libras (cerca de R$ 4,6 bilhões). Semanas mais tarde, divulgou que estava se desfazendo da sua participação de 50% do Economist Group por 469 milhões de libras (cerca de R$ 2,5 bilhões).

A nova vocação exclusiva da Pearson deve levar o grupo a investir pesado na estratégia de marketing, sobretudo nos mercados que escolheu para crescer. O rearranjo não deve mudar a participação de 47% na editora Penguin Random House, uma das maiores do mundo. Ao menos a curto prazo. A justificativa é que os negócios estão em fase de crescimento.

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