Delegações diplomáticas do Brasil e de vários outros países abandonaram uma reunião de alto nível no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta quarta-feira (27), em Genebra, em protesto contra o regime chavista da Venezuela.
Um vídeo, publicado nas redes sociais pelo jornalista brasileiro Jamil Chade, mostra dezenas de diplomatas se retirando da sala de reunião no momento em que o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, começa seu discurso. No total, segundo o jornalista, mais de 60 diplomatas abandonaram o discurso do chavista.
O Itamaraty confirmou o boicote, que além do Brasil, contou com a participação dos países do Grupo de Lima, Austrália, Israel, Equador e Paraguai.
O embaixador dos EUA Robert Wood deu a resposta sobre o motivo do boicote: os governos não reconhecem a legitimidade do regime de Nicolás Maduro e consideram o discurso de Arreaza como um “ato de cinismo”. Eles também pedem que o assento reservado à Venezuela no Conselho de Direitos Humanos seja ocupado por um representante do governo interino de Juan Guaidó.
Desde 23 de janeiro, mais de 50 países, incluindo Brasil e Estados Unidos, não reconhecem Maduro como presidente.
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Durante seu discurso, Arreaza pediu uma reunião entre o presidente americano, Donald Trump, e o ditador Nicolás Maduro para "tentar encontrar pontos em comum e explicar suas diferenças". Segundo o chanceler, Maduro "está pronto para o diálogo (...) mesmo com os Estados Unidos".
"Por que não uma reunião entre o presidente Trump e o presidente Maduro?", questionou.
Arreaza disse ainda que os EUA estão tentando derrubar Maduro e que seu país perdeu US$ 30 bilhões em ativos "confiscados" desde novembro de 2017, incluindo da estatal de petróleo Citgo.
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Boicotes como não são comuns na diplomacia. Um exemplo ocorreu em 2009, quando diplomatas de países ocidentais deixaram uma conferência da ONU depois que o então presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, acusou Israel de ser “um regime cruel e racista”. Na ocasião, alguns diplomatas europeus imediatamente saíram da sala quando Ahmadinejad disse que Israel foi criado sob o "pretexto do sofrimento dos judeus" da Segunda Guerra Mundial.
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