O golpe militar deflagrado na Giné-Bissau na noite da última quinta-feira (12) provocou manifestações de repúdio de governos que fazem parte da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e de países africanos. O Ministério das Relações Exteriores brasileiro divulgou nota na qual "condena veementemente" o golpe e recomenda ao comando militar que está à frente do golpe a libertação imediata das pessoas presas.
"O Brasil exorta as lideranças das Forças Armadas a garantir a integridade e a segurança das autoridades civis que se encontram sob sua custódia, que devem ser libertadas imediata e incondicionalmente; a evitar quaisquer atos de violência; e a restabelecer a ordem constitucional no país", diz a nota do Itamaraty.
O governo brasileiro diz ainda que está acompanhando o desenrolar das negociações no país africano e que se reunirá com os outros países da CPLP hoje (14) para definir qual será a posição a ser tomada.
A reunião extraordinária da CPLP acontecerá em Lisboa e deve resultar numa resolução dos países de língua portuguesa para tentar persuadir o comando militar - que prendeu o presidente da Guiné-Bissau, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior - a restabelecer a ordem democrática no país. Os militares revoltosos divulgaram comunicado no qual garantem que os dois chefes civis do país estão bem e seguros. No entanto, o paradeiro deles ainda é desconhecido.
Além deles, também está detido o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, António Indjai. Vários pontos da capital, Bissau, também estão ocupados pelos rebeldes. O grupo de militares se revoltou contra o que considera uma "agressão às Forças Armadas" guineenses por parte de militares angolanos, com a permissão dos chefes de Estado do país. Luanda anunciou, no entanto, na última segunda-feira (9), o fim da missão angolana de "apoio" ao setor militar da Guiné-Bissau.
União Africana
Além do Brasil e dos países da CPLP, a União Africana se manifestou contra o golpe na Guiné-Bissau, que também integra o grupo. De acordo com informações da Agência Lusa, o governo de Benin, que preside a União Africana, condenou a tomada do poder e pediu a imediata libertação do presidente e do primeiro-ministro do país. O comunicado da União Africana lembra ainda que a Guiné-Bissau é signatária de diversos tratados e compromissos relacionados à manutenção da democracia.
O primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior é candidato à presidência do país e o mais cotado para ser eleito. O golpe militar aconteceu no início da campanha para as eleições, que estão marcadas para o dia 29 de abril.