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Diplomacia

Brasil e Rússia divergem sobre Irã

O presidente russo, Dmitri Medvedev, recepciona Lula no Kremlin: expectativa sobre acordo nuclear entre Irã e Ocidente | Sergei Chirikov/AFP
O presidente russo, Dmitri Medvedev, recepciona Lula no Kremlin: expectativa sobre acordo nuclear entre Irã e Ocidente (Foto: Sergei Chirikov/AFP)

Apesar do esforço para exibir um discurso afinado sobre o Irã, Brasil e Rússia mostraram ontem clara dissonância em relação às chances de que seja obtido um acordo sobre o impasse nuclear durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país persa.

Em Moscou, penúltima escala antes de Teerã, Lula recebeu o aval do presidente russo, Dmitri Medvedev, para os esforços do Brasil de costurar um entendimento que dê garantias sobre o caráter civil do programa nuclear iraniano.

Em entrevista concedida de­­pois da reunião com Medvedev no Krem­­lin, o brasileiro disse que está "cada dia mais otimista’’ quanto a um acordo com o Irã. Afirmou ainda que confia nos "30 anos de experiência co­­mo negociador político’’ para convencer o presidente iraniano, Mahmoud Ah­­ma­­dinejad.

Medvedev, que acompanhava sorridente as palavras de Lula, foi bem mais moderado em sua opinião sobre as chances de su­­cesso do Brasil. "Se o presidente Lula é otimista, eu também vou ser. Eu diria que as chances [de acordo] são de 30%’’ disse o líder russo.

9,9

Ao ouvir a avaliação do colega russo, Lula abriu os braços e disse, fora do microfone: "Então você não está otimista’’. Em se­­guida, o presidente brasileiro disse que, de 1 a 10, acredita que as chances de um acordo nuclear com o Irã sejam de 9,9.

O grau de expectativa sobre um desfecho positivo para o impasse já fora elevado na véspera pelo chanceler do Irã, Ma­­nou­­chehr Mottaki. Ele disse ter esperança de que um entendimento seja alcançado em um encontro trilateral em Teerã com a participação do premiê turco, Recep Tayyip Erdogan.

Brasil e Turquia assumiram nas últimas semanas as negociações com o Irã para tentar implementar a proposta apresentada há sete meses pela Agência In­­ter­­nacional de Energia Atômica (AIEA), que o Irã ainda resiste em aceitar.

De acordo com o plano, o Irã enviaria quase todo o seu estoque de urânio pouco enriquecido para outro país e receberia combustível nuclear adequado para uso médico, mas não para fins militares.

Insatisfeita com a falta de clareza do programa nuclear iraniano, a Rússia tem se mostrado in­­clinada a apoiar uma nova rodada de sanções contra Teerã no Conselho de Segurança da ONU, como tem defendido o governo americano.

O presidente russo disse que a visita de Lula a Teerã pode ser "a última chance’’ de um acordo, repetindo cálculo externado na véspera por um alto diplomata americano.

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