Porto Príncipe (AE/AP) – De automóveis e caminhões a frangos, camisetas e lingerie, produtos brasileiros começam a desembarcar no Haiti, paralelamente à presença militar no país de 1.200 soldados integrantes da Força de Paz das Nações Unidas, por sinal comandada por um general brasileiro. O volume de exportações ainda é pequeno e irregular, mas importante para as relações bilaterais que pretendem se estender também a outros setores.

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"Chegou a hora de o Brasil investir em negócios e projetos que, em colaboração com parceiros da comunidade internacional, possam contribuir para o combate à pobreza e para a estabilização do Haiti", disse o embaixador brasileiro, Paulo Cordeiro de Andrade Pinto, em Porto Príncipe desde setembro. Figura-chave nas negociações diplomáticas que levaram à proclamação da vitória de René Préval, dispensando um segundo turno na eleição presidencial, ele se preocupa agora com o futuro econômico-social do país.

Governo, empresas e ONGs brasileiras passaram a se interessar mais pelo Haiti a partir de 2004, após a queda de Jean-Bertrand Aristide, quando se chegou à conclusão de que a solidariedade aos haitianos não podia se limitar ao fornecimento de tropas. Essa era, aliás, a tese do general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, o primeiro comandante da força militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah).

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A investida comercial parte da iniciativa privada que, diretamente ou por meio de importadoras internacionais, compram produtos na indústria brasileira a preço de mercado. Foi o que ocorreu, por exemplo, no caso da Volkswagen, que acaba de vender 30 caminhões para coleta de lixo à Inter-Americana, de Miami, que tem negócios no Caribe. A Fiat Automóveis, que desde 2000 exportou 482 veículos para o país, dos quais 98 nos últimos três anos.

"Como o Haiti não tem crédito, quase sempre paga à vista", disse o embaixador Andrade Pinto. Embora o país não tenha divisas para gastar com importações em grande escala, o diplomata acha que os negócios bilaterais devem ser fechados em termos comerciais pelas partes interessadas. Delegações brasileiras que começam a visitar o Haiti têm conversado nessa linha, buscando soluções convenientes para os dois lados, mas sem assistencialismo.

O dinheiro que corre no Haiti vem principalmente da diáspora. Os haitianos que emigraram para os EUA, Canadá, França e República Dominicana, cerca de 3 milhões, enviam para seus parentes US$ 1 bilhão por ano, o equivalente a mais de 25% do PIB nacional. São esses dólares que sustentam a construção civil – dos barracos das favelas às mansões de Pétion Ville.