Rio de Janeiro - O Brasil avalia que, por enquanto, é melhor apostar em uma solução interna para a crise no Egito e não pretende levar o tema ao Conselho de Segurança (CS), afirmou a embaixadora brasileira nas Nações Unidas, Maria Luiza Viotti.
O país assumiu ontem, por um mês, a presidência do CS e passou a organizar sua agenda de debates.
Em entrevista em Nova York, transmitida pela internet, Viotti ressaltou que o CS, formalmente responsável por paz e segurança globais, é órgão de "último recurso. "Achamos que no momento a questão [egípcia] é mais bem abordada internamente. A situação é de acompanhar e ver como vai evoluir, ressaltou.
Ela disse que nenhum dos demais 14 membros do CS pediu sessão sobre o Egito nem sobre os demais países árabes onde há rebeliões.
O Brasil ocupa desde 2010 uma das dez vagas não permanentes do CS, com mandato até o fim do ano. Os cinco assentos permanentes são de Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido.
O Oriente Médio monopoliza a atenção internacional e pode interferir no projeto inicial da diplomacia brasileira para este mês.
A ideia era evitar temas polêmicos e situar o país como porta-voz das nações em desenvolvimento que são maioria na Assembleia Geral da ONU, por onde passará uma eventual reforma do CS, em que o Brasil reivindica uma cadeira permanente.
Está previsto para o dia 11 um fórum ministerial, com a presença do chanceler Antonio Patriota, sobre a relação de segurança e desenvolvimento. No mesmo dia, o Brasil quer reunir o G4, grupo que inclui, além dos brasileiros, Alemanha, Índia e Japão e atua pela reforma do CS.
Apesar de a França já ter defendido nova rodada de sanções contra o Irã, Viotti disse não esperar que o assunto volte ao CS logo. No ano passado, o Brasil entrou em choque com os EUA ao votar no CS contra punições aos iranianos.