População vê referendo como inútil em meio à crise econômica
Para um grande setor da população, o referendo é uma grande perda de tempo, num momento em que o país deveria pensar em como evitar uma recessão histórica, consequência da crise mundial. Nas ruas de Caracas, o referendo roubou a cena, mas o que realmente preocupa os venezuelanos é a inflação que no ano passado chegou a 32% (uma das mais altas do mundo), o desabastecimento de alimentos, o aumento do desemprego e da violência, sobretudo nos bairros mais humildes.
As palavras de Hugo Chávez causam rebuliço por onde passam. No Paraná, ele chegou a ser declarado persona non grata por deputados. Mas, pela perspectiva econômica, é preciso lembrar que a Venezuela é um grande comprador de produtos e serviços brasileiros.
"Chávez é um grande consumidor do Brasil, paga à vista, em dinheiro, tem compromisso com nossa estabilidade democrática e nenhum litígio com o país", diz o historiador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Daniel Santiago Chaves. Como o país não investe pesado na industrialização, é dependente de importações de grande parte dos manufaturados que utiliza. "O Brasil é o país que mais se beneficiou do chavismo", declarou o economista Pedro Silva Barros ao G1.
Apesar da influência exercida por Chávez sobre outros governantes latino-americanos que tomaram medidas contrárias a empresas brasileiras, com a Venezuela há pouco motivo para litígios. "Mesmo a nacionalização de ativos da Petrobras realizada em 2007 foi feita com negociação, sem militares como na Bolívia", diz Daniel Chaves.
No Equador, o Brasil enfrentou um 2008 difícil, com um conflito dispendioso entre a construtora Odebrecht e o governo de Rafael Correa, que respingou no Banco Nacional de Desenvolvivmento Social brasileiro. "Chávez é o último dos problemas que o Brasil poderia ter", define o historiador.
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