Observadores
Secretário-geral da OEA classifica situação no Paraguai de "delicada"
Agência Estado
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Migual Insulza, declarou ontem que não pode dizer que a situação no país é grave, mas afirmou que é delicada. A missão da OEA chegou no domingo ao Paraguai para avaliar a situação do país após a deposição do ex-presidente Fernando Lugo. "Não me atreveria a dizer que (a situação) é grave. Diria que é delicada, pelo menos", afirmou Insulza. Segundo ele, o país vive um ambiente "tranquilo" e ele não viu "grandes alterações".
O secretário-geral da OEA disse ainda que não fará conclusões antes do final da missão. Sobre a decisão da Unasul e do Mercosul de suspenderem o Paraguai, ele afirmou que "somos outro organismo. Nossas decisões não dependem das (medidas) tomadas por outros."
Nepotismo
De acordo com o jornal paraguaio Ultima Hora, embora o novo presidente do Paraguai, Federico Franco, tenha prometido que não empregaria parentes e amigos na administração federal, ele nomeou Mirtha Vergara de Franco, sua cunhada, para o novo conselho da Itaipu Binacional. Além de Mirtha, Franco nomeou seu primo, Victor Rivarola, como novo ministro da Secretaria de Ação Social, diz o jornal.
O ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Luis Almagro, afirmou que seu país era contrário ao ingresso da Venezuela no Mercosul e que ele só foi aprovado pela intervenção da presidente brasileira, Dilma Rousseff.
Segundo a imprensa uruguaia, não só Almagro, como o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, eram contra, na reunião da semana passada em Mendoza (Argentina), à entrada da Venezuela. O argentino Héctor Timerman teria defendido a proposta.
"Isso foi resolvido em uma reunião fechada dos presidentes [Dilma, Cristina Kirchner e José Mujica]. Dilma disse que precisava falar politicamente com os outros dois, e os chanceleres saíram da sala. Dessa reunião, saiu a decisão", disse o ministro.
"A iniciativa foi mais brasileira, a posição do Brasil foi decisiva nessa história", afirmou Almagro, que disse não saber o que foi negociado.
Patriota disse, via assessoria, que o governo brasileiro foi favorável à entrada da Venezuela durante todo o debate em Mendoza.
Ele ressaltou que o Brasil apenas acatou uma ponderação do Uruguai, expressa na reunião de chanceleres: a de que a decisão do ingresso precisava de um respaldo jurídico sólido, como forma de evitar questionamentos futuros.
Por isso, a decisão de Dilma de convocar o advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, para a cúpula.
Segundo Patriota, as posições defendidas por chanceleres, na véspera da cúpula, e pelos presidentes, na última sexta, foram consensuais sem votação. De acordo com ele, nenhum dos países, nem o Uruguai, apresentou questionamentos à entrada do novo sócio permanente.
O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse que não houve pressão do governo. "Isso não corresponde ao estilo da política externa brasileira e menos ainda da presidente Dilma."
O Planalto avaliza a versão de Patriota e diz que as declarações do chanceler uruguaio miravam o "público interno" ou seja, para o Congresso e para setores empresariais do país que não veem a Venezuela de Chávez com bons olhos.
Os partidos uruguaios Nacional, Colorado e Independiente, de oposição, decidiram ontem convocar Almagro para dar explicações no Senado sobre a transformação da Venezuela em membro pleno do Mercosul.