O embaixador brasileiro para questões climáticas, Sérgio Serra, disse nesta terça-feira que o país aceitará a proposta de reduzir pela metade as emissões globais de gases do efeito estufa até 2050 se os países ricos adotarem metas mais rígidas relativas ao corte de emissões até 2020.

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A Dinamarca, anfitriã da conferência climática de 7 a 18 de dezembro, considera a redução das emissões pela metade como uma parte essencial de um eventual acordo, a ser discutido no evento da ONU e finalizado no ano que vem.

Serra disse também que um acordo para preservar as florestas como forma de controlar a mudança climática também só poderá ser alcançado como parte de um pacto financeiro mais amplo.

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A ajuda para que os países pobres se adaptem às consequências da mudança climática e reduzam suas emissões e as metas para as reduções de emissões dos próprios países ricos são os dois itens que mais dificultam a busca por um novo tratado climático global que substitua o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.

Os países em desenvolvimento querem que as nações ricas adotem metas intermediárias ambiciosas relativas a 2020, para só então aceitarem uma meta global para 2050.

Nas próximas décadas, o maior aumento das emissões deve se dar nos países em desenvolvimento, e estes temem que as metas globais ameacem seu crescimento econômico, caso não venham acompanhadas por metas rígidas de mais curto prazo para os países desenvolvidos, e também por verbas generosas para a adaptação dos países pobres.

"O corte de 50 por cento até 2050 não faz sentido se não houver uma meta de médio prazo (para os países ricos). Com uma meta de médio prazo essa pode ser uma cifra razoável", disse Serra à Reuters em Copenhague.

Todos os países industrializados já propuseram metas para 2020, mas não vão adiante, alegam os grandes países emergentes.

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O Brasil e vários outros governos ainda insistem para que os países desenvolvidos reduzam suas emissões até 2020 para 25 a 40 por cento em relação aos níveis de 1990. Outros países, especialmente os pequenos Estados insulares, mais vulneráveis ao aumento dos mares decorrente do aquecimento global, querem reduções de até 45 por cento.

O atual compromisso dos países ricos é com uma redução de 14 a 18 por cento até 2020 em comparação a 1990.

Desmatamento

Outro assunto decisivo na conferência de Copenhague é o esquema chamado de Redução das Emissões pelo Desmatamento e a Degradação (REDD), pelo qual poluidores poderiam pagar a países em desenvolvimento para que mantenham suas florestas, que absorvem carbono lançado na atmosfera.

A Indonésia, que a exemplo do Brasil tem grandes florestas, diz que torce por um acordo ainda nesta semana, mas Serra acha isso improvável.

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"O problema em ter o acordo REDD até sexta-feira, embora fosse desejável, é que o REDD é na verdade um mecanismo financeiro", explicou o diplomata. "Se não estamos nem perto de um acordo sobre o pacote financeiro global, duvido de que tenhamos um pacote limitado ou setorial a respeito do REDD."

Ele disse que um eventual acordo financeiro não teria de estar totalmente completo, pois haveria tempo para "preencher lacunas" posteriormente, mas que tal acordo deveria pelo menos estar avançado a ponto de servir como baliza.

O Brasil recentemente sinalizou estar aberto a permitir que os países ricos adquiram créditos de carbono em troca do financiamento para projetos REDD. Antes, o país passou meses se opondo ao mecanismo, sob a alegação de que com ele as nações desenvolvidas continuariam poluindo.

Mas Serra disse que se discute um limite de 10 por cento no volume de reduções que poderiam ser transformadas em créditos.

"Ainda temos sérias preocupações de que um esquema REDD (...) não afete a integridade ambiental", disse ele, acrescentando que a concessão de créditos se destina a aumentar o compromisso dos países ricos com os cortes nas emissões.

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"Gostaria de ver (os 10 por cento) como limite (...). A ideia também era estimular mais ambição nas metas dos países desenvolvidos, se eles forem usar os 10 por cento."