O governo do Brasil não pretende se manifestar oficialmente sobre o protesto formal apresentado pelo Paraguai contra a suspensão do Mercosul e a adesão da Venezuela ao bloco. A assessoria do Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, informou sábado (15) à Agência Brasil que não se manifestará em relação ao assunto. Para as autoridades brasileiras, permanece como válida a decisão definida pela Cúpula do Mercosul, em 29 de junho, determinando a suspensão do Paraguai do bloco e aprovando a incorporação da Venezuela ao grupo.
No protesto apresentado neste sábado (15) pelo governo do Paraguai ao Brasil, à Argentina e ao Uruguai, o presidente Federico Franco reclama de "abusos" e destaca que pretende recorrer não só da suspensão do Mercosul como também da incorporação da Venezuela ao grupo. No protesto, as autoridades paraguaias informam ainda que vão exigir o pagamento de indenizações pelos danos causados pelas medidas. No último dia 5, durante audiência pública na Câmara, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, descartou ameaças às operações econômicas e comerciais feitas pelo Paraguai com o Mercosul devido à suspensão do país do bloco. O chanceler disse que a medida não visa a prejudicar a economia nem a população paraguaia.
Patriota reiterou que a decisão foi motivada pela forma como o então presidente do país Fernando Lugo foi destituído do poder, em 22 de junho, por meio de um impeachment. "A decisão de suspensão que não afeta os interesses do povo paraguaio nem os benefícios do Paraguai, como parceiro e beneficiário do Mercosul", ressaltou o chanceler. "A amizade que o Brasil tem com o Paraguai não se vê abatida."
O chanceler acrescentou que o Paraguai se mantém entre as prioridades da política externa do Brasil. "O Paraguai continuará a ser um vizinho e um parceiro [de destaque]. A centralidade do Parguai não precisa ser sublinhada", disse ele. "Todas as decisões foram alcançadas com consenso, não houve vozes que se opusessem. [O presidente Lugo foi destituído] sem direito à legítima defesa, em um rito sumaríssimo. Não houve voz que se distanciasse dessa avaliação."
Segundo Patriota, a expectativa do governo da presidenta Dilma Rousseff é que o Paraguai retome o processo considerado democrático. "O nosso desejo é que essa situação dure o mais breve o possível. Em favor da prosperidade, da democracia, e democracia com distribuição de renda e justiça social", ressaltou.
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