O tenente-coronel Marcos Cesar Pontes deve inspirar muita gente ao se tornar o primeiro brasileiro no espaço, mas seguir seus passos é um sonho sem futuro. De acordo com o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), Sérgio Gaudenzi, a instituição não tem qualquer plano em vista de formar novos astronautas.
Bem ao contrário da ávida China, que realizou recentemente sua segunda missão espacial tripulada e não pára de anunciar metas ambiciosas de ampliar sua presença no espaço, o Brasil não se interessa em desenvolver um programa de vôos espaciais tripulados.
- Estamos muito longe disso - disse Sérgio Gaudenzi, em entrevista por telefone ao GLOBO ONLINE. - Tudo depende da retomada de vôos espaciais tripulados dos Estados Unidos. Se houver um incremento das missões, podemos ter um segundo astronauta. Do contrário, não vale a pena. Espera-se muito tempo para poder voar. O Pontes, por exemplo, está há sete anos na fila.
Desde que o ônibus espacial Discovery apresentou problemas na missão que deveria marcar a retomada dos vôos tripulados após o desastre do Columbia, a Nasa, agência espacial dos EUA, decidiu suspender novas viagens. Isso ocorreu em agosto. Com isso, as missões para troca de tripulação e de envio de suprimentos voltaram a depender das espaçonaves russas Soyuz.
- Quando a viagem é feita pelos americanos, há possibilidade de transportar mais pessoas, porque os ônibus espaciais são maiores. Além de a Soyuz ser menor, quando a missão é feita pelos russos, só vão três astronautas e um deles é obrigatoriamente russo - ressaltou Gaudenzi.
A perspectiva da formação de um novo astronauta brasileiro esbarra ainda em outro problema: o futuro da Estação Espacial Internacional. Desde que o primeiro módulo da ISS foi lançado ao espaço, em 1998, o projeto já passou por várias modificações, sempre para se tornar mais econômico.
- Há uma certa discussão, levantada pelo próprio gerente da Nasa, sobre se o projeto de ampliação da ISS deve continuar. Nós fazemos parte do clube (de países envolvidos no programa de construção da estação), mas somos um sócio pequeno - afirmou Gaudenzi.
O astronauta brasileiro Marcos César Pontes partirá em sua primeira missão espacial no dia 22 de março de 2006. Ele deve passar oito dias a bordo da ISS, onde realizará experimentos com microgravidade. Desde setembro, ele está na Rússia, onde treina para o vôo, na Cidade das Estrelas, como é conhecido o Centro de Treinamento Yuri Gagarin, localizado a cerca de uma hora de Moscou.
A ênfase do programa brasileiro são projetos de desenvolvimento de novos satélites e lançadores de foguetes, além da reformulação da Base de Lançamentos de Alcântara, onde a explosão de um veículo experimental lançador de satélites provocou a morte de 21 técnicos, em agosto de 2003.
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