O governo brasileiro decidiu oferecer cooperação técnica à Venezuela para recuperar a capacidade de energia da usina de Guri, a terceira maior hidrelétrica do mundo. De caráter emergencial, a iniciativa tem a finalidade política de aliviar o impacto da crise energética no país vizinho sobre o presidente venezuelano, Hugo Chávez. Mas, igualmente, tem como foco manter pelo menos uma parte do escoamento de eletricidade de Guri para Roraima, Estado ameaçado de sofrer apagões.

CARREGANDO :)

Essas questões serão debatidas na quarta-feira entre técnicos dos ministérios de Minas e Energia e de Relações Exteriores e da estatal venezuelana Eletrificação do Caroní (Edelca), responsável por Guri. Apesar da preocupação da Presidência com o desgaste político de Chávez, o Itamaraty e Minas e Energia se mostram mais sensíveis com a situação de Roraima. A Edelca já impôs um corte de 20 megawatts diários à exportação de energia ao Estado brasileiro, que vem sendo coberto parcialmente por uma usina térmica. Porém, a estatal da Venezuela ameaça reduzir esse fornecimento ainda mais, a 60 MW/dia.

Como não está interligada ao sistema elétrico brasileiro, Roraima não contaria com alternativas emergenciais de outras regiões do País. Duas térmicas existentes no Estado precisariam passar por remodelação para funcionar, o que exigiria o cumprimento do longo processo de licitação. "Temos de ver o que é possível fazer para tirar Roraima desse buraco", resumiu um diplomata.

Publicidade

A alternativa urgente será o envio de uma missão técnica para avaliar as condições de geração de Guri - tanto o nível de reservatório, reduzido pela escassez de chuvas, quanto as turbinas desativadas por falta de manutenção. Também será analisada a possibilidade de instalação de usinas térmicas de montagem mais rápida no país vizinho, a partir de assessoria brasileira. Para médio e longo prazos, o Brasil estaria disposto fornecer cooperação técnica para a ampliação do sistema elétrico da Venezuela, em um esforço que poderá resultar na construção de hidrelétricas e termelétricas por empresas brasileiras e na exportação de bens e serviços.