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O Brasil deve participar de uma nova pesquisa clínica multicêntrica envolvendo células-tronco provenientes do cordão umbilical. Promovido pela Universidade do Sul da Flórida, nos Estados Unidos, em parceria com a iniciativa privada brasileira, o projeto tem por objetivo testar eficácia desse tipo de terapia no tratamento de uma série de doenças neurológicas e cardíacas.

- Queremos estudar o uso clínico de células-tronco para tratar o derrame, doenças cardíacas, o mal de Alzheimer e a Doença de Lou Gehring (enfermidade degenerativa que destrói os nervos) - conta o cientista americano Paul Sanberg, da Universidade do Sul da Flórida, que está à frente do projeto.

Como parceiro no Brasil, Sanberg escolheu a Cryopraxis Criobilogia, banco de cordões umbilicais associado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que já havia realizado estudos de laboratório envolvendo células-tronco do cordão umbilical. Mas o estudo envolverá ainda o Japão, Taiwan e Cingapura.

- Escolhemos o Brasil porque o país tem condições propícias para esse tipo de estudo. Os cientistas e os hospitais são bem preparados e há um interesse na pesquisa - defende Sanberg, que está no país para participar de um simpósio sobre o estudo de células-tronco.

A data para o início do estudo, que deve começar simultaneamente nos cinco países envolvidos, ainda é incerta. De acordo com o cientista Eduardo Cruz, que faz parte da Cryopraxis e do Comitê de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, a empresa está esperando a autorização da Anvisa para que o projeto possa se concretizar, o que deve ocorrer dentro de um ano.

Embora o projeto ainda esteja longe de começar, a expectativa com relação aos possíveis resultados é alta, devido ao sucesso dos experimentos em laboratório.

- Realizamos experimentos para tratar uma condição chamada hipoxia do neonato, que vem a ser a falta momentânea de oxigenação no recém-nascido. O problema é sério e faz com que as crianças percam sua capacidade cognitiva. Conseguimos recuperar a atividade cerebral de maneira quase normal em mais de 80% dos animais envolvidos no estudo - conta Cruz.

Outra doença na mira dos pesquisadores é o mal de Alzheimer, que acomete 20% da população americana com mais de 65 anos e representa gastos de US$ 100 bilhões em tratamento, ressalta Cruz. No Brasil, segundo o cientista, não há estimativas sobre a doença.

- Como a população estava envelhecendo consideravelmente, acreditamos que esse tipo de estudo pode ser de grande ganho - afirma o cientista.

Segundo Sanberg, a parceria com o Brasil é de extrema importância.

- O Brasil pode crescer muito na área de pesquisa de células-tronco. Essa é uma nova Ciência que tem de crescer. O país, além de ter vários bons pesquisadores, ainda sofre de uma gama de doenças que podem ser tratadas com a técnica, caso ela se prove eficaz - aposta.

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