ARGEL - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta quinta-feira que pode haver uma mudança na composição das tropas brasileiras que estão no Haiti, reduzindo-se o efetivo militar e reforçando a parte de infra-estrutura, enviando mais médicos e engenheiros, por exemplo, para ajudar na reconstrução do país, após a posse do novo governo. Um pouco antes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não há prazo para o retorno das tropas e que elas só deixarão o país se o novo governo pedir. O presidente explicou que inicialmente defendia a volta das tropas logo após a posse do novo presidente, mas mudou de idéia depois de assistir a um documentário sobre o massacre em Ruanda (em 1994), após a saída das tropas da ONU.

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- Antes de conhecer o acontecido em Ruanda, eu achava que o Brasil deveria sair assim que se realizassem as eleições, mas depois que vi as Forças da ONU saindo e o massacre aconteceu. Jamais imaginei que pudesse acontecer uma carnificina daquelas na Humanidade - disse o presidente.

Lula disse que a eleição foi um sucesso e que o povo haitiano deu uma demonstração de confiança e maturidade política porque, mesmo com o voto não sendo obrigatório, 80% dos eleitores compareceram para votar.

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- Foi uma demonstração de que eles finalmente descobriram que a democracia é a única possibilidade para se viver em paz e com tranqüilidade. Lógico que a eleição é só o primeiro passo. Depois eles vão ter que fazer o fortalecimento das instituições para que o Haiti viva democraticamente em processo de harmonia e tranqüilidade - disse.

Lula disse que as tropas brasileiras já cumpriram uma etapa de sua missão no país, mas afirmou que o Brasil precisa continuar contribuindo com a consolidação das instituições do Haiti.

- Acho que o Brasil ainda precisa dar sua contribuição para sair com as coisas mais ou menos acertadas. Obviamente, se o novo governo quiser e precisar. Mas se ele disser, 'Olha, tá na hora!', nós vamos embora porque cumprimos nossa missão. Mas certamente quando nossos soldados votarem ao Brasil vão voltar de cabeça erguida, com a sensação do dever cumprido, mas eles não têm hora para voltar - afirmou.