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O embaixador de Honduras na ONU, Delmer Urbizo: “Vamos voltar aqui, depois das eleições democráticas em novembro’’ | Denis Balibouse/Reuters
O embaixador de Honduras na ONU, Delmer Urbizo: “Vamos voltar aqui, depois das eleições democráticas em novembro’’| Foto: Denis Balibouse/Reuters

Genebra - O embaixador de Honduras na ONU, Delmer Urbizo, foi retirado ontem por seguranças do plenário no primeiro dia da sessão anual do Conselho de Direitos Humanos do organismo em Genebra. A cena foi o ápice de um dia repleto de im­­passes em torno da legitimidade do governo golpista hondurenho, que terminou com a suspensão da sessão a pedido do Brasil, seguido por Argentina, México e Cuba.

"Nós voltaremos’’, disse um re­­voltado Urbizo, antes de ser acompanhado por policiais até a saída do auditório. Já do lado de fora, afirmou que retornará ao conselho após as "eleições legítimas de novembro’’ em seu país e se disse alvo de uma "violação dos direitos humanos’’.

Urbizo já representava Hon­­duras na ONU sob o governo de Manuel Zelaya, deposto em junho – e os colegas deixaram claro que o rechaço era ao governo de Ro­­ber­­to Micheletti e não a ele pessoalmente. Mesmo assim, o embaixador sentiu-se agredido. "Vamos voltar aqui, depois das eleições de­­mocráticas em novembro e colocar em seu lugar esses violadores de direitos humanos. Estão falando de meu país e não me deram direito a réplica.’’

O atual governo de Honduras não é reconhecido por nenhum país, e há debate na região se as eleições serão aceitas como legítimas ou não. O Brasil já declarou que não as acatará, mas o costa-riquenho Óscar Arias, mediador da crise, afirmou que o pleito po­­deria encerrar o impasse político.

"Fui instruída por meu governo a não aceitar nenhuma representação de Honduras que não seja de um governo constitucionalmente estabelecido’’, declarou a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Azevedo, evocando a condenação unânime da Or­­ganização dos Estados Americanos (OEA) ao golpe antes de solicitar a suspensão da sessão até o descredenciamento de Urbizo. Foi seguida pelos colegas argentino, mexicano e cubano.

Os pronunciamentos foram feitos após longa conversa com o presidente de turno do conselho, o belga Alex Van Meeuwen, que por sua vez sucedeu a uma reunião de mais de uma hora entre os países da região e à tentativa, du­­rante a manhã, de travar os procedimentos.

Embora houvesse unanimidade no Grulac (grupo de países latino-americanos e do Caribe) sobre a não participação do enviado do governo golpista, havia nuances – alguns países aceitavam sua presença no plenário contanto que ele não se pronunciasse; ou­­tros, como o Brasil, queriam-no fora da sessão. O consenso fechou com o Brasil. Os EUA, que estrearam no conselho neste ano após sua reformulação, aderiram à po­­sição brasileira, embora não a te­­nham endossado em plenário.

Liderado pelo Brasil, o grupo la­­tino também queria ganhar tempo até a chegada às mãos de Meeuwen de uma carta assinada pela chanceler do governo Zelaya, Patricia Rodas, desconhecendo Urbizo.

Com uma cópia da carta datada de 20 de agosto em seu poder, entregue pela delegação nicaraguense, Meeuwen concedeu a suspensão a fim de dar tempo a "consultas jurídicas’’.

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