O Brasil pode desenvolver o seu reator nuclear multipropósito em parceria com a Argentina. Uma equipe da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) vai àquele país na semana que vem discutir a proposta com a Invap, estatal argentina. O governo de Cristina Kirchner já tem um reator e fornece radiofármacos para o Brasil desde o ano passado. O abastecimento desses insumos, usados no diagnóstico e tratamento de doenças como o câncer, está em crise desde que Canadá e Bélgica suspenderam sua produção. O Brasil tem um milhão e meio de usuários de radiofármacos.
O reator multipropósito brasileiro está orçado em R$ 850 milhões, dos quais R$ 50 milhões foram liberados no mês passado para o projeto básico. Como o reator argentino é antigo e o país vizinho também pretende desenvolver um novo equipamento, a proposta que os brasileiros vão levar é que se dividam os custos desse projeto básico.
Operação
O presidente da CNEN, Odair Dias Gonçalves, ressalta que não haverá operação conjunta do reator. "São dois reatores. E cada um vai operar o seu. No caso de um reator de pesquisa é muito difícil a operação binacional", afirmou Gonçalves, que participou da abertura do simpósio da Sociedade Americana da Indústria Nuclear, seção latino-americana (LAS/ANS, na sigla em inglês).
O secretário-executivo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Luís Alfredo Salomão, ressaltou que a autossuficiência na produção de radioisótopos é uma questão importante para o país.
"Nós ficamos ameaçados de não ter o medicamento para terapia dos pacientes, porque os fornecedores tradicionais, Canadá e Bélgica, pararam de produzir. Graças aos argentinos continuamos a ter o molibdênio para a produção dos radiofármacos. Agora o Brasil quer fazer seu próprio reator, que é o projeto mais importante do momento", afirmou.