O não dos países africanos à proposta apresentada pelo G-4 (formado por Brasil, Índia, Alemanha e Japão) de ampliação do número de membros permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas foi um balde de água fria às pretensões do governo brasileiro de conseguir a vaga para o país. Até momentos antes do resultado da reunião de Adis Abeba, na Etiópia, o Itamaraty contava com os 53 votos da África, que poderia pôr um fim no atual cenário marcado por divergências dentro da ONU.
- A reforma é uma necessidade, mas o processo ainda está em evolução e o tema não é simples. O Brasil e o G-4 estão convencidos de que estão com a causa certa e continuaremos a trabalhar com todos os países, inclusive os africanos - comentou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Fontes do Itamaraty, contudo, diziam que a posição da União Africana é irrealista e vai dificultar a aprovação da reforma do Conselho de Segurança.
- Os países que são contra a reforma devem estar satisfeitos nesse quadro de clara divisão e vão usar isso como pretexto para votarem contra - comentou um graduado diplomata brasileiro.
A grande diferença entre as propostas do G-4 e da União Africana é o direito ao veto. Brasil, Índia, Alemanha e Japão abrem mão desse direito por 15 anos. Os africanos fazem questão de ter esse privilégio, da mesma forma que os atuais membros permanentes, que são Rússia, Estados Unidos, França, China e Reino Unido.