Acadêmicos e ambientalistas discordam quanto à necessidade de o Brasil recorrer à energia nuclear. Enquanto os acadêmicos Rogério Cezar de Cerqueira Leite e José Goldemberg defendem a manutenção do programa nuclear brasileiro, o diretor de campanhas do Greenpeace no Brasil, Marcelo Furtado, qualifica a fonte energética como ultrapassada e sustenta que o foco deve se limitar a recursos sustentáveis e renováveis.

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Cerqueira Leite ressalta as aplicações pacíficas da modalidade, especialmente para a produção de isótopos medicinais e industriais. "Em minha opinião, o Brasil deve se preparar e fazer um grande esforço de pesquisa na área de energia nuclear, o que não está acontecendo. A energia nuclear tem várias aplicações para muitas áreas", salienta.

"Do ponto de vista de isótopos radioativos para saúde e para a indústria, o Brasil já está atendido. O reator experimental do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) da USP cuida dessa área e cuida satisfatoriamente. No caso de alguns isótopos que não possam ser feitos aqui, não é nenhuma tragédia importar", informa Goldemberg.

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"Quanto à geração de eletricidade a partir da energia nuclear, minha visão é a seguinte: essa opção existe porque o Brasil desenvolveu uma tecnologia de enriquecimento de urânio, de modo que é razoável que o Brasil mantenha a opção aberta", diz o secretário paulista de Meio Ambiente. "Ter no Brasil dois ou três reatores nucleares não é uma idéia absurda, mas não dá para querer que o Brasil torne-se um grande produtor de urânio e tenha um grande futuro nuclear", prossegue.

O movimento ambientalista é mais enfático ao dizer que é um erro o Brasil investir em energia nuclear. "Esses recursos poderiam estar sendo investidos em energias sustentáveis, renováveis", diz Furtado.

Cerqueira Leite lembra que o grande problema ainda existente no uso da energia nuclear é a questão do lixo. "Ainda não há uma solução satisfatória para o lixo nuclear, mas novas tecnologias poderão torná-lo menos radioativo", observa.

Goldemberg diz que a questão pode ser comparada à dos aterros sanitários nas grandes cidades: todo mundo concorda que é necessário construir lixões, mas ninguém quer um lixão perto da sua casa. "É o tal do ‘não no meu quintal’. Agora imagine: se isso ocorre com resíduos comuns, como vai ser com substâncias altamente radioativas?"

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