O Brasil quer destravar a construção na Bolívia de uma estrada de 420 milhões dólares suspensa após protestos indígenas e espera que o país vizinho determine as necessidades adicionais de financiamento para uma rota alternativa, afirmou nesta quinta-feira (27) uma fonte oficial. As obras da rodovia que abriria uma saída ao oceano Pacífico para as exportações brasileiras foram interrompidas na semana passada pelo presidente Evo Morales, cuja popularidade foi corroída por protestos indígenas contra a construção da estrada, que atravessaria a sua reserva no centro do país. O projeto da empresa brasileira OAS poderia ser retomado se Morales e os líderes indígenas chegarem a um acordo sobre uma rota alternativa. "Nosso interesse é que a rodovia seja feita, mas a decisão final é do governo boliviano. A bola ainda está no campo deles", disse à Reuters uma fonte do Ministério das Relações Exteriores brasileiro. "O governo boliviano tem que fazer um novo cálculo do traçado, discuti-lo com a empresa. E o financiamento é algo posterior", acrescentou. O jornal Valor Econômico afirmou na edição desta quinta-feira que antes de pagar outro adicional de 250 milhões de dólares, o Brasil exigiria garantias de que as obras não voltarão a ser bloqueadas.
"A Bolívia precisa estabelecer um cronograma, uma linha de ação, para definir com rigor técnico a solução para os parâmetros ambientais, financeiros, econômicos e políticos desse processo", afirmou o jornal citando uma fonte oficial brasileira. Cerca de 80% do custo da estrada são cobertos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma importante fonte de financiamento de obras de construtoras brasileiras na América Latina. De acordo com o Valor, o Brasil também quer que a Bolívia ofereça garantias sobre a propriedade de terra a produtores brasileiros de soja que plantam em cerca de 150 mil hectares no departamento boliviano de Santa Cruz.
O governo brasileiro também espera que a Bolívia devolva cerca de 4.000 carros roubados e contrabandeados através da fronteira. "Isso ajudaria a criar uma agenda positiva entre os dois países", disse a fonte do Valor.
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