O governo brasileiro vai abrir embaixadas em cinco países - Bangladesh e os caribenhos Antígua e Barbudas, Dominica, São Cristóvão e Neves e São Vicente e Granadinas. Expressa na edição desta quinta-feira (19) do Diário Oficial da União, essa decisão alimenta a lista de novos postos no exterior abertos ao longo dos últimos seis anos como alicerces das principais linhas da política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No total, foram criadas 35 novas embaixadas desde 2003. Com a criação dos cinco novos postos, o Brasil passará a contar com 151 representações no exterior - pouco mais de dois terços dos membros da Organização das Nações Unidas (ONU).
Esse total foi estrategicamente distribuído conforme demandas de ordem política da diplomacia brasileira. Dos 35 novos postos, 15 já foram instalados em países africanos. O continente atrai interesses econômico-comerciais do País, especialmente nos setores de mineração, petróleo, agrícola e de infraestrutura. Mas igualmente está na base da maior ambição da política exterior do governo - a conquista de uma vaga permanente para o Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Nas negociações sobre a reforma do Conselho de Segurança, a África tem um peso descomunal - 53 votos de um conjunto de 193. Sem o apoio do continente, que vota sempre coeso, o Brasil jamais alcançará sua vaga permanente.
O reforço à presença brasileira na Ásia comunga mais os interesses econômico-comerciais com as ambições políticas. Embaixadas foram abertas em países com presença no segmento mundial de petróleo e gás - Cazaquistão, Azerbaijão, Catar e Omã -, que também estão no centro das questões sobre a estabilidade política e a paz no Oriente Médio e na Ásia Central.
No Caribe, o Itamaraty criou três novos postos até o final de 2008 e, agora, recebeu carta branca para instalar mais quatro que, em conjunto, sustentaram um comércio de apenas US$ 13,5 milhões com o Brasil no ano passado. Longe de critérios econômicos, a distribuição atende à pretensão do Palácio do Planalto de consolidar a hegemonia brasileira em toda América Latina e Caribe - ambição estampada no ativismo do governo Lula em organizar o primeiro encontro de líderes da região, em dezembro passado, na Bahia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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