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Brasil vai mandar armas não letais para evitar violência no Haiti

O governo brasileiro vai enviar ao Haiti armas não letais, que utilizam balas de borracha, a fim de ajudar no esforço para impedir que uma onda de violência se alastre pela capital, Porto Príncipe. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, demonstrou preocupação de que nos próximos dias a situação fique fora de controle. Na avaliação de Jobim, não há necessidade de enviar novos grupos de militares especificamente para garantir a segurança, mas apenas de aumentar o número de equipamentos.

"O Brasil está enviando para lá instrumentos, mecanismos não letais para segurança, porque o presidente René Préval calcula que, dentro de 24 horas, tendo em vista o odor, a falta de água, de combustível, de alimentação, as pessoas comecem a ficar revoltadas, embora o povo haitiano seja um povo curtido pela desgraça", afirmou Jobim na tarde de hoje. O ministro disse não temer a volta das gangues que dominavam o Haiti há alguns anos e que um possível surto de violência seria decorrente do desespero da população. "A angústia faz coisas que não se imagina", comentou.

Jobim revelou que não há esperança de encontrar com vida os cinco brasileiros que ainda estão desaparecidos. "A expressão desaparecido é técnica e significa corpo não encontrado. Não me lembro de óbito que não encontra o corpo. Estão soterrados", afirmou o ministro. Com já há 15 identificados, seriam 20 os brasileiros mortos no terremoto do Haiti.

Além dos quatro militares ainda não encontrados, Jobim informou a morte da segunda autoridade civil na hierarquia da missão de paz das Nações Unidas, o brasileiro Luiz Carlos da Costa. "Temos um brasileiro, o segundo civil da ONU, que faleceu, foi soterrado junto com o Hedi Annabi (tunisiano, maior autoridade civil da missão). Luiz Carlos estava com Hedi Annabi em uma reunião, recebendo chineses naquele momento", informou o ministro. Os corpos dos 14 militares mortos, segundo Jobim, deverão chegar hoje ao Brasil.

O ministro relatou a tensão da viagem que fez para Porto Príncipe, na quarta-feira, quando o avião da Força Aérea Brasileira (FAB) teve que desviar de outras aeronaves, já que não havia controle do espaço aéreo haitiano, agora assumido pelos Estados Unidos. A torre do aeroporto da capital do Haiti ruiu. "Estava uma confusão imensa, o controle do espaço aéreo não tinha sido assumido (pelos americanos). Tivemos que fazer alguns desvios fortes no sentido de evitar colisão. Tinha avião para tudo que era lado", contou.

São cinco as prioridades da ação no Haiti identificadas pelo ministro da Defesa: sepultamento dos mortos, atendimento aos feridos, distribuição de suprimentos, segurança e remoção de destroços. Segundo Jobim, o presidente René Préval acrescentou a recomposição do sistema de telecomunicação.

Amanhã de manhã, Jobim pretende visitar o Centro de Instrução de Operações de Paz, na Vila Militar, no Rio. O ministro defende a ampliação das atribuições da missão das Nações Unidas no Haiti, restritas à garantia da paz e da ordem e que não contemplam, por exemplo, obras de infraestrutura para reconstrução efetiva do país. "Quero abrir a pergunta: ainda é a manutenção de paz ou é a reconstrução do país? Acredito que é a reconstrução", afirmou. A ampliação das atribuições é necessária, explicou, para que a Organização das Nações Unidas (ONU) possa alterar prioridades de investimentos.

Jobim confirmou que ficará a cargo dos engenheiros brasileiros a abertura de covas para sepultamentos coletivos dos mortos não identificados. Para não ferir a cultura local, que impede que estrangeiros toquem nos corpos dos nativos, serão contratados haitianos para concluir o enterro das vítimas. Autoridades religiosas católicas, evangélicas e da seita vodu vão benzer o campo de sepultamento. Ao descrever a situação que viu no país depois do terremoto, o ministro afirmou: "Já vi muita coisa, mas esta foi a pior."

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