O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, confirmou ontem que o Brasil será um dos mediadores no diálogo entre o governo e a oposição venezuelana. A informação havia sido adiantada na quinta-feira pela imprensa venezuelana, mas sem confirmação do Itamaraty. Segundo Figueiredo, representantes de Brasil, Colômbia e Equador voltarão na próxima semana a Caracas.
"Vamos [Brasil, Colômbia e Equador] continuar o trabalho de apoio e facilitação ao diálogo que já começou com a presença da missão da Unasul. Esperamos que na semana que vem deslanche definitivamente um grande diálogo nacional", disse o chanceler em visita ao Rio para uma palestra na Associação Comercial.
A comissão formada por três chanceleres da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), no entanto, já começou a enfrentar obstáculos. A Mesa de Unidade Democrática (MUD), principal coalizão de oposição do país, e a ONG For Penal rejeitaram a indicação da Unasul por acreditar que os laços econômicos dos países do continente com o governo do presidente Nicolás Maduro dificultariam a sinceridade nos diálogos sobre a crise que assola o país. Para eles, seria mais apropriado um outro representante, como a ONU ou mesmo organizações de direitos civis do país.
Na quinta-feira, os diretores da ONG Foro Penal, que recolhe denúncias de abusos contra os manifestantes, acusaram o ministro brasileiro de minimizar o que está acontecendo na Venezuela em matéria de violação dos direitos humanos. Segundo Alfredo Romero e Gonzalo Himiob, Figueiredo adotou "uma atitude indiferente em relação às gravíssimas denúncias de prisões arbitrárias e torturas" durante um encontro com opositores.
"Agradecemos os esforços dos chanceleres sul-americanos, mas devemos buscar um outro mediador de mútuo acordo", afirmou o deputado Carlos Berrizbeitia, do partido Projeto Venezuela.
Já o presidente Nicolás Maduro se mostrou aberto à presença dos chanceleres como mediadores nas negociações e acusou os opositores de fugirem ao diálogo.
"As portas do Palácio de Miraflores estão abertas àqueles que queiram dialogar pela paz", disse o presidente. "Tenho tentando um contato com a oposição há cinco semanas, mas eles não querem diálogo, nem paz, nem tranquilidade."