O Brasil foi escolhido pela presidente da COP-17, a chanceler sul-africana Maite Mashabane, para tentar dobrar a noiva mais cobiçada da conferência do clima de Durban: os Estados Unidos.
O país integrará um pequeno grupo de nações "facilitadoras", tentando construir uma fórmula intermediária entre a posição americana e a do restante do mundo.
Ontem, a dois dias do fim oficial da COP, os brasileiros Luiz Figueiredo e André Corrêa do Lago tiveram seguidas reuniões com o negociador americano, Todd Stern.
Sem nada para oferecer em termos de compromissos de corte de emissões ou de dinheiro para o chamado Fundo Verde do Clima, os EUA têm tentado melar o que pode ser o resultado mais importante da conferência: a definição de um plano que leve o mundo a um acordo do clima com força de lei em 2020. Neste novo pacto, todos os países teriam alguma meta de corte de gases-estufa.
Stern tem dito que seu país não se opõe a um acordo legalmente vinculante, desde que em pé de igualdade com a China. Chineses e indianos não só não aceitam essa condição como também impõem as próprias.
O ideal para os EUA é continuar conversando sobre o novo tratado, sem prazo.
A UE, por sua vez, exige a definição do acordo como precondição para entregar aquilo que os países em desenvolvimento mais querem: um segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto, o tratado do clima que expira no ano que vem.
Na terça-feira, a comissária europeia do Clima, Connie Hedegaard, criticou o excesso de cobrança em cima do bloco.
O Brasil tem posição intermediária entre os gigantes emergentes e os americanos. Diplomatas têm dito que o país não se opõe ao acordo com força de lei e quer prazo definido para sua conclusão.
Negociadores e observadores têm começado a vislumbrar o resultado da conferência de Durban como um acordo com força de lei, mas cuja legalidade não seja tão explícita a ponto de esbarrar na oposição do Senado dos EUA.