Diplomacia
Itamaraty concede asilo a senador boliviano abrigado em embaixada
O Itamaraty concedeu ontem asilo político ao senador boliviano Roger Pinto Molina, que estava abrigado na embaixada do Brasil em La Paz desde 28 de maio. O governo boliviano ainda não foi informado da decisão de Brasília.
Em comunicado, a Chancelaria brasileira informou que se baseou no "direito internacional latino-americano" e na Constituição, que prevê a concessão de asilo político.
O senador, que integra a oposicionista Convergência Nacional, alega ser vítima de uma "perseguição inclemente" do governo do presidente Evo Morales. Seus correligionários dizem que ele foi ameaçado de morte. O senador enfrenta 20 processos judiciais.
Por sua vez, as autoridades bolivianas acusam o senador de corrupção na época que governou a região de Pando, na fronteira com o Brasil, entre 1999 e 2002.
Desde que Morales assumiu a Presidência boliviana pela primeira vez, em 2006, dezenas de opositores saíram do país e buscaram refúgio no Brasil, Paraguai, Estados Unidos, Peru e Espanha, após acusar o governo de perseguição política.
O governo boliviano ainda não foi comunicado oficialmente sobre a decisão brasileira. O chanceler David Choquehuanca afirmou, em entrevista coletiva, que conversou com o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, sobre o caso, mas afirmou não ter recebido nenhuma comunicação sobre o asilo.
"Informamos às autoridades brasileiras todos os dados possíveis para que eles possam considerar todos os elementos e se corresponde ou não dar asilo ao senador", disse.
Regularização
120 mil carros contrabandeados de países vizinhos para a Bolívia foram regularizados pelo governo de Evo Morales.
Um ano de cerco mais intenso na fronteira do Brasil com os países vizinhos, por meio da Operação Sentinela, da Polícia Federal, começou a alterar o cenário da guerra do País contra o tráfico de drogas, roubo de carros e o crime organizado numa região conhecida como terra de ninguém. Um ato simbólico da operação será o repatriamento de mais de 400 veículos, de todas as marcas, roubados no Brasil e levados para a Bolívia.
O governo brasileiro está contratando caminhões-cegonha e preparando a logística para trazer os veículos e entregá-los aos seus proprietários dentro de um ou dois meses. O comboio entrará no Brasil por Corumbá, em Mato Grosso do Sul, e de lá seguirá para São Paulo e demais cidades de onde foram roubados.
Os carros estavam prestes a ser legalizados na Bolívia. Decreto baixado pelo governo Evo Morales há um ano concedeu anistia e permitiu a regularização de mais de 120 mil veículos que circulam sem documentos no país.
Estima-se que pelo menos 2 mil carros podem ter sido levados irregularmente do Brasil.
"A pronta atuação da PF, com auxílio do Ministério das Relações Exteriores e a colaboração das autoridades bolivianas, reverteu a situação", disse Oslaim Santana, titular da Diretoria de Combate ao Crime Organizado (Dicor) da PF.
Outros números reforçam a atuação da PF e outros órgãos de segurança na fronteira. De junho de 2011 a junho deste ano, as apreensões de cocaína subiram de 4 para 24 toneladas seis vezes mais , enquanto as de maconha alcançaram 146 toneladas, 90% acima das quase 80 toneladas apreendidas ao longo de todo o ano de 2010.
Além disso, as prisões em flagrante saltaram de pouco mais de 2 mil para 7.500 quase quatro vezes mais do que no ano anterior.
Santana diz que a colaboração da polícia boliviana também levou à prisão de dois megatraficantes condenados pela Justiça brasileira, que haviam fugido para aquele país, de onde comandavam seus negócios. Eles serão extraditados tão logo sejam concluídos os trâmites judiciais.
O volume de dinheiro apreendido praticamente triplicou, assim como o de armas, veículos e embarcações. As apreensões de cigarros saltaram de 1,7 milhão para 4,7 milhões de pacotes. Os dados fazem parte do balanço que a PF está fechando sobre a Sentinela, que integra o Plano Estratégico de Fronteira, lançado pela presidente Dilma Rousseff em 8 de junho de 2011.
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