Brasília O governo brasileiro ampliou os esforços para retirar, até o fim desta semana, de 1,5 mil a 1,6 mil brasileiros da região atingida pelo conflito entre Israel e milícias do Hezbollah, no Líbano. O primeiro grupo saiu por volta das 16h de ontem de Adana, na Turquia, num vôo com 165 pessoas e deve pousar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, hoje à tarde, depois de uma escala técnica em Recife.
Novos vôos estão previstos para sair da Síria e da Turquia hoje, quarta e quinta-feira, segundo informou o embaixador Everton Vargas, coordenador do grupo de apoio a brasileiros na região conflagrada. "Esse número é dinâmico porque a cada dia mais pessoas buscam auxílio nos nossos postos diplomáticos", disse. Um segundo grupo, com 500 pessoas oriundas do Vale do Bekaa, está sendo aguardado na Síria para embarcar rumo ao Brasil.
No Bekaa reside a maior colônia de brasileiros no Líbano. O problema é que o governo de Israel está dificultando as rotas de fuga e a curta travessia de uma hora e meia até a fronteira com a Síria tornou-se uma aventura longa, cara e angustiante para os brasileiros.
O Brasil queria que a saída se desse pela fronteira oriental, num trecho que poderia ser percorrido de forma rápida e segura com dois comboios simultâneos e pouca logística. Mas, os militares de Israel autorizaram a retirada apenas pela fronteira norte, obrigando o comboio a atravessar todo o Líbano, inclusive por áreas afetadas por bombardeios recentes.
"Houve intensas negociações de Brasília com Tel Aviv, fizemos todas as ponderações, mostramos as inconveniências da nova rota e colocamos com clareza as nossas preocupações com a segurança, mas eles foram inflexíveis", relatou o embaixador.
A nova rota determinada por Israel é de 14 horas e exigirá uma logística complicada, com substituição de motoristas e risco de quebra de veículos no caminho, ou mesmo de se atravessar alguma área com combates. No grupo, há crianças, velhos e pessoas doentes. Haverá também problemas para alimentação de um grupo tão grande e para abastecimento dos veículos.
O diplomata informou que estão sendo utilizados três Boeings da Força Aérea Brasileira (FAB) para a retirada brasileiros, mas o esquema terá o importante reforço de um pool de empresas que está sendo coordenado pela companhia aérea TAM. Como parte desse auxílio privado, um avião da TAM, que estava alugado aos Emirados Árabes Unidos, decolará na quarta-feira de Damasco, Síria, com destino a São Paulo com 225 brasileiros a bordo. Esse vôo tem pouso previsto em Guarulhos às 22h da mesma quarta. A tripulação já está em Abu Dabi à espera de instruções. Essa mesma aeronave retornará à região do conflito para fazer pelo menos mais um vôo.
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