O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, insinuou ontem que a posição "cética e dura" dos Estados Unidos em relação a Israel pode resultar na inclusão de outros mediadores, entre os quais o Brasil, nas negociações de paz com a Autoridade Palestina (AP).
Garcia também reiterou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrará amanhã dos líderes palestinos, em Belém, coesão interna para evitar o fracasso de um eventual acordo de paz com Israel. Teve o cuidado, entretanto, de não repetir à imprensa a intenção de o presidente brasileiro apresentar-se como mediador do diálogo entre a Autoridade Palestina (AP) e o Hamas.
Desde 2007, quando estourou a violência entre as duas facções palestinas, o Hamas governa, isolado, a Faixa de Gaza, enquanto o rival laico Fatah controla a Cisjordânia. Países árabes como Egito e Arábia Saudita tentam remediar a cisão entre palestinos, mas até agora as negociações não deram resultados.
"Se os EUA, que têm se revelado um aliado histórico de Israel, estão com uma posição tão cética e dura, isso provavelmente provocará uma reflexão nos interlocutores. Espero que assim seja", afirmou Garcia. O assessor de Lula referia-se à reação da secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, ao anúncio de expansão dos assentamentos israelenses em territórios palestinos durante a visita ao país do vice-presidente dos EUA, Joe Biden, na semana passada. Na sexta-feira, Hillary qualificou a iniciativa de Israel como um "insulto" aos EUA.
"A mensagem que o presidente Lula dará ao lado palestino é que a primeira coisa a fazer é unir-se. Se o lado palestino não tiver uma posição coesa, homogênea, qualquer entendimento com Israel ou com quem quer que seja estará fadado ao fracasso", completou o assessor.
Irã
Logo depois da chegada a Jerusalém, Garcia confirmou que Lula trará aos encontros de hoje com o presidente israelense, Shimon Peres, e o primeiro-ministro, Binyamin "Bibi" Netanyahu, sua proposta de inserir o Irã na discussão do conflito Israel-palestinos. Teerã, na visão do assessor, tem "influência de peso" nessa questão e não pode ser ignorado.
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