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Protesto contra abusos de direitos humanos no Irã, durante reunião do Conselho da ONU em Genebra, em fevereiro de 2010 | Denis Balibouse/Reuters
Protesto contra abusos de direitos humanos no Irã, durante reunião do Conselho da ONU em Genebra, em fevereiro de 2010| Foto: Denis Balibouse/Reuters

EUA elogiam decisão do país, mas afirmam que é insuficiente

Genebra - O governo dos Estados Unidos comemorou abertamente a mu­­dança da posição do Brasil na questão do Irã, mas considera a reviravolta ainda insufici­­ente para garantir ao país uma vaga permanente no Con­­selho de Segurança (CS) da Organi­­zação das Nações Unidas (ONU).

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Posição brasileira não afetará relação com iranianos, diz Itamaraty

Brasília - A votação contra o Irã no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas não irá afetar o relacionamento do Brasil com o país. A avaliação do chanceler Antonio de Aguiar Patriota é que a relação entre os dois países é "madura para não ficar refém de uma ou outra decisão", de acordo com informaçõ­­es do porta-voz do Itamaraty, ministro Tovar Nunes.

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Genebra - Marcando uma mudança importante na atuação da diplomacia brasileira, a representação do Brasil no Conselho de Direitos Humanos da ONU votou ontem em favor de uma proposta, patrocinada por Estados Unidos e Europa, que determina o envio de um relator independente para investigar a situação das garantias individuais no Irã. O regime iraniano reagiu irritado.

A diplomacia iraniana acusou o Brasil de "dobrar-se" à pressão dos EUA e insinuou uma traição. Argélia, Paquistão e outros países islâmicos também atacaram a posição brasileira. A nova posição do Brasil, que nos últimos dez anos havia poupado o regime iraniano de censura em fóruns internacionais, foi comemorada por ONGs e países ocidentais.

A proposta foi aprovada com 22 votos a favor e 7 contra, com 14 abstenções. Entre os aliados do Irã estavam Cuba, China e Paquistão. A esperança de Teerã era de que o governo brasileiro se abstivesse, repetindo o padrão de votação durante o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva – que havia buscado intensificar a aproximação com o Irã para se apresentar até mesmo como mediador na questão nuclear entre Teerã e Washington.

Mal-estar

Ontem, o mal-estar na relação com o Irã ficou explícito. "É mesmo lamentável ver o Brasil adotar essa posição", afirmou o embaixador do Irã na ONU, Sayad Sajjadi. "Não esperávamos isso do Brasil", disse.

Em seu discurso ontem à ONU, Sajjadi acusou a resolução de fazer parte de uma "campanha política organizada pelos Estados Unidos" "Mais uma vez, o tema de direitos humanos tem sido manipulado para defender os interesses de alguns", alertou. Segundo ele, são os EUA os maiores responsáveis por violações no mundo, citando o apoio a Israel, guerras no Iraque e Afeganistão e prisões secretas pelo mundo.

"Queremos manter o diálogo e esperávamos que a ONU fosse o lugar para isso. No Irã, estamos trabalhando pelos direitos da população e isso tem florescido", alegou.

Questionado se a relação co­­mercial com o Brasil e a eventual participação na negociação nu­­clear seria afetada, o embaixador não foi otimista. "Isso é o que teremos de ver agora", alertou.

A embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo, minimizava a mudança e se empenhava em assegurar que o voto não foi contra o Irã nem uma admissão de eventuais erros do governo Lula. "É um voto a favor do sistema, não é um voto que é contra o Irã", disse. Segundo ela, o voto é ainda "coerente" com as posições que o país tem defendido na ONU. "Estamos dizendo a todos os países da ONU que a abertura para o sistema, receber visitas e dialogar é importante", apontou. Para ela, o go­­verno Dilma Rousseff insistirá que todos os países terão de ter um mesmo tratamento.

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