EUA elogiam decisão do país, mas afirmam que é insuficiente
Genebra - O governo dos Estados Unidos comemorou abertamente a mudança da posição do Brasil na questão do Irã, mas considera a reviravolta ainda insuficiente para garantir ao país uma vaga permanente no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Posição brasileira não afetará relação com iranianos, diz Itamaraty
Brasília - A votação contra o Irã no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas não irá afetar o relacionamento do Brasil com o país. A avaliação do chanceler Antonio de Aguiar Patriota é que a relação entre os dois países é "madura para não ficar refém de uma ou outra decisão", de acordo com informações do porta-voz do Itamaraty, ministro Tovar Nunes.
Genebra - Marcando uma mudança importante na atuação da diplomacia brasileira, a representação do Brasil no Conselho de Direitos Humanos da ONU votou ontem em favor de uma proposta, patrocinada por Estados Unidos e Europa, que determina o envio de um relator independente para investigar a situação das garantias individuais no Irã. O regime iraniano reagiu irritado.
A diplomacia iraniana acusou o Brasil de "dobrar-se" à pressão dos EUA e insinuou uma traição. Argélia, Paquistão e outros países islâmicos também atacaram a posição brasileira. A nova posição do Brasil, que nos últimos dez anos havia poupado o regime iraniano de censura em fóruns internacionais, foi comemorada por ONGs e países ocidentais.
A proposta foi aprovada com 22 votos a favor e 7 contra, com 14 abstenções. Entre os aliados do Irã estavam Cuba, China e Paquistão. A esperança de Teerã era de que o governo brasileiro se abstivesse, repetindo o padrão de votação durante o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva que havia buscado intensificar a aproximação com o Irã para se apresentar até mesmo como mediador na questão nuclear entre Teerã e Washington.
Mal-estar
Ontem, o mal-estar na relação com o Irã ficou explícito. "É mesmo lamentável ver o Brasil adotar essa posição", afirmou o embaixador do Irã na ONU, Sayad Sajjadi. "Não esperávamos isso do Brasil", disse.
Em seu discurso ontem à ONU, Sajjadi acusou a resolução de fazer parte de uma "campanha política organizada pelos Estados Unidos" "Mais uma vez, o tema de direitos humanos tem sido manipulado para defender os interesses de alguns", alertou. Segundo ele, são os EUA os maiores responsáveis por violações no mundo, citando o apoio a Israel, guerras no Iraque e Afeganistão e prisões secretas pelo mundo.
"Queremos manter o diálogo e esperávamos que a ONU fosse o lugar para isso. No Irã, estamos trabalhando pelos direitos da população e isso tem florescido", alegou.
Questionado se a relação comercial com o Brasil e a eventual participação na negociação nuclear seria afetada, o embaixador não foi otimista. "Isso é o que teremos de ver agora", alertou.
A embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo, minimizava a mudança e se empenhava em assegurar que o voto não foi contra o Irã nem uma admissão de eventuais erros do governo Lula. "É um voto a favor do sistema, não é um voto que é contra o Irã", disse. Segundo ela, o voto é ainda "coerente" com as posições que o país tem defendido na ONU. "Estamos dizendo a todos os países da ONU que a abertura para o sistema, receber visitas e dialogar é importante", apontou. Para ela, o governo Dilma Rousseff insistirá que todos os países terão de ter um mesmo tratamento.
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