Brasileira enfrenta disputa acirrada em busca de vaga no Parlamento britânico

A um dia das eleições britânicas, a brasileira Paula Dolphin, candidata a uma vaga no Parlamento pelo distrito de Torridge e West Devon, na Cornualha, faz campanha de porta em porta na última tentativa de conquistar votos dos indecisos.

Paula já foi vereadora, prefeita e agora ocupa o cargo de deputada estadual. Ainda nesta quarta-feira (6), ela pretende distribuir mais 3 mil panfletos e uma carta pessoal aos eleitores.

No Brasil, Paula quase não se envolveu com política. Nascida em São Paulo, filha de pai inglês e mãe brasileira, ela chegou a participar de manifestações enquanto cursava Administração em Campinas e de eventos da juventude do PSDB. Foi no Reino Unido, para onde se mudou aos 25 anos, que a paulista se inseriu de vez na arena política.

“Após ver a pobreza e a injustiça no meu país, tive vontade ajudar as pessoas. São os políticos, por meio de uma decisão, que podem melhorar a condição de vida da comunidade”, afirmou a brasileira, de 45 anos, que tem dupla nacionalidade.

Paula, do Partido Liberal Democrata, iniciou sua carreira política em 2004, como vereadora de Bude, uma pequena cidade de 8 mil habitantes na costa da Cornualha. Virou prefeita entre 2012 e 2013 e agora quer convencer os 77 mil eleitores de Torridge e West Devon a colocá-la em uma das 650 cadeiras do Parlamento britânico.

Segundo ela, os candidatos entram com condições iguais na disputa, já que têm o mesmo limite de gastos na campanha, o que não é muito alto. “Do dia 18 de dezembro a 30 de março, só podia gastar 50 mil libras (cerca de R$ 230 mil). De 1º de abril a 7 de maio, podia gastar 30 mil libras (R$ 139 mil)”, contou.

O salário dos políticos no Reino Unido são discrepantes na comparação com o Brasil, de acordo com Paula. Como vereadora — considerado um trabalho voluntário — ela recebia 100 libras (cerca de R$ 460)por ano. Depois que assumiu a prefeitura, embolsava 300 libras (cerca de R$ 1.300). O cargo de deputada estadual lhe garante uma renda de 10.800 (perto de R$ 50 mil) por ano e, como membro do Parlamento, passaria a receber 65 mil libras (perto de R$ 300 mil) por ano.

Caso vença as eleições, Paula dedicará cerca de 40 horas por semana ao trabalho. Passará quatro dias em Londres e três dias no distrito o qual representa. “Gosto de trabalhar pela comunidade e para mim é uma honra exercer um cargo público.”