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A empresa francesa de fabricação de próteses de mama PIP, que podem ter causado casos de câncer na França, exportava mais de 80% de sua produção, boa parte para o Brasil e outros países da América do Sul, indicaram diversas fontes nesta quarta-feira (21).

Em meados de dezembro, uma autoridade do ministério francês da Saúde denunciou oito casos suspeitos de mulheres que morreram de câncer ao receber implantes defeituosos da empresa PIP. Na sexta-feira, a França deve publicar um relatório de especialistas que vão recomendar, ou não, a retirada das próteses.

As autoridades sanitárias brasileiras proibiram a importação e os implantes fabricados pela PIP em abril de 2010, depois que a França alertou sobre casos de ruptura.

Dez mil próteses foram retiradas do mercado brasileiro, mas cerca de 25 mil brasileiras ainda a possuem, disse à AFP, um porta-voz da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Nesta quarta-feira (21), a Anvisa declarou que não tomará nenhuma decisão a respeito, até que as autoridades sanitárias francesas se pronunciem sobre o assunto.

Cerca de 30 mil mulheres estão envolvidas na França com este problema. A PIP também exportou para países da Europa Ocidental, em particular para a Grã-Bretanha.

Na Inglaterra, uma advogada informou nesta quarta-feira, que mais de 250 mulheres britânicas entraram com ação judicial, depois que pelo menos metade delas teve problemas com as próteses. "Mais da metade delas sofreram rupturas, mas também representamos outras mulheres que estão preocupadas com as informações" divulgadas pelos meios de comunicação sobre estes implantes de mama, declarou a advogada Esyllt Hugues, do escritório de advocacia Hugh James de Cardiff (Gales).

A ação judicial é dirigida contra as clínicas que implantaram as próteses, acrescentou a advogada, informando que, por enquanto, eram sete as mencionadas nos documentos, mas este número pode chegar a 20.

"Teríamos preferido acusar diretamente a PIP, que se declarou em liquidação judicial, mas nossa informação é que a empresa não está garantida de forma adequada", explicou.

Antes que a Poly Implant Prothèse (PIP) fosse liquidada, em março de 2010, as exportações da empresa, que produzia cerca de 100 mil próteses por ano, representavam 84% de sua atividade, segundo o veredicto de liquidação judicial do Tribunal de Comércio de Toulon.

Entre seus melhores mercados figurava a América do Sul, especialmente Venezuela, Brasil, Colômbia e Argentina, com mais de 58% das exportações em 2007 e 50% em 2009.

Sebastião Guerra, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, disse à AFP, que as próteses da PIP começaram a ser comercializadas no Brasil há aproximadamente cinco anos, depois da liberação pela Anvisa.

No ano passado, no entanto, quando os problemas na França foram divulgados, "imediatamente, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica comunicou a todos os cirurgiões plásticos registrados, que suspenderam o uso", acrescentou.

Segundo Guerra, não há registros de problemas de câncer ou de rejeição envolvendo mulheres brasileiras que implantaram a prótese da empresa PIP.

"Aqui no Brasil não temos esse registro (de casos de câncer provocados por implantes mamários), o que sabemos é que silicone não causa câncer. Se o silicone dessa prótese causou a doença, o que pode acontecer, é por sua má qualidade e toxidade", explicou. Ele informou também que, no Brasil, o índice de rejeição de próteses é de 7%.

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, em 2010, foram realizadas 134.400 operações de implante de silicone mamário, a cirurgia estética mais realizada no país, correspondendo a 21% do total.

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