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O acusado da tentativa de homicídio de Cristina Kirchner, Fernando Sabag Montiel, durante julgamento no tribunal de Comodoro Pyben, na cidade de Buenos Aires
O acusado da tentativa de homicídio de Cristina Kirchner, Fernando Sabag Montiel, durante julgamento no tribunal de Comodoro Pyben, na cidade de Buenos Aires| Foto: EFE/ Juan Ignacio Roncoroni

O brasileiro Fernando Sabag Montiel, principal suspeito de tentar matar a ex-presidente argentina Cristina Kirchner em setembro de 2022, admitiu nesta quarta-feira (26) que queria matá-la porque é "corrupta", conforme disse no início de seu julgamento em Buenos Aires.

Montiel, de 37 anos, reconheceu ter apertado o gatilho "uma vez" na frente do rosto da ex-presidente na noite de 1º de setembro de 2022.

"Fundamento o que fiz porque ela é uma ladra”, declarou Montiel, que acrescentou que sua companheira, Brenda Uriarte, e Nicolás Carrizzó, acusados como coautora e cúmplice, se autoincriminaram porque supostamente estavam "financiados".

Montiel referiu-se à hipótese de que o atentado teria sido financiado por terceiros, embora a Promotoria Federal nº 2, liderada pelo promotor Carlos Alberto Rívolo, tenha dito que os supostos vínculos do crime com movimentos de direita na Argentina não foram comprovados.

O principal acusado pelo crime reafirmou que "(tentar) matar Cristina" foi "um ato de justiça, e não um ato para se beneficiar financeiramente".

Ele também declarou perante os juízes do Tribunal Oral da Câmara Criminal Federal nº 6, de Buenos Aires, que, se conseguisse seu objetivo, "haveria desestabilização" e "uma guerra civil" no país.

De acordo com a análise pericial realizada na pistola Bersa Thunder utilizada por Montiel, a bala de calibre .22 não saiu da câmara porque a arma não estava engatilhada.

O acusado afirmou que não tentou novamente porque foi interceptado por simpatizantes de Cristina, referindo-se a um grupo que estava em frente à casa dela há vários dias para mostrar apoio, em meio à acusação que havia acabado de receber por corrupção durante seu mandato presidencial.

"Não recarreguei a arma porque fui interceptado. Não tive nenhum momento de saída ou fuga do plano. Eu estava a trinta centímetros de distância dela", acrescentou.

As declarações de Montiel estão de acordo com alguns dos testemunhos lidos durante a audiência e que foram coletados na investigação, juntamente com material audiovisual da imprensa e de várias pessoas presentes no dia do ataque.

De acordo com a investigação judicial, Montiel, Uliarte e Carrizo venderam algodão doce nas proximidades da residência de Cristina Kirchner com a intenção de se familiarizar com o local e a rotina da então vice-presidente no governo de Alberto Fernández.

Montiel admitiu ter planejado e organizado o ataque e que o papel de Uliarte era apenas de "companhia" e que com Carrizo eles tinham apenas uma "relação de trabalho".

No celular deste último, foram encontradas conversas relacionadas ao ataque, nas quais os acusados falavam sobre seu "modus operandi", que Montiel considerou "fabricado". "Nunca disse a Carrizo o que faria para me proteger", alegou.

Ele também disse que, depois de ser preso, seu telefone foi destruído e substituído por outro.

Durante as perguntas finais na audiência, um dos advogados que representa Cristina Kirchner lhe perguntou se ele se arrependia. "Eu me arrependeria mais se isso tivesse acontecido, provavelmente", respondeu Montiel.

O julgamento continuará na próxima quarta-feira (3) com depoimentos de Uliarte e Carrizo.

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