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O diplomata brasileiro Lineu Pupo de Paula está impedido de deixar a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa desde quarta-feira (30), sob pena de não poder mais retornar ao edifício. A proibição foi imposta pelo fato de o Brasil não reconhecer o governo de facto de Honduras desde o golpe de Estado que derrubou o presidente Manuel Zelaya, em 28 de junho. A chancelaria hondurenha exigiu do Itamaraty o envio de uma nota diplomática para acatar o pedido feito por De Paula de ir e vir à embaixada brasileira.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, rechaçou a hipótese de encaminhar um texto formal, com timbre oficial, a Tegucigalpa e já afirmou em diversas ocasiões que não reconhece o governo de facto.

Enviado pelo Itamaraty na última sexta-feira, De Paula assumiu a responsabilidade de revezar-se com o encarregado de negócios da embaixada, Francisco Catunda Resende, em turnos de 24 horas, enquanto Zelaya e cerca de 50 colaboradores permanecem sob abrigo do governo brasileiro. Como possui passaporte diplomático em Honduras, Catunda poderá ingressar e sair do prédio sem problemas.

Com a chegada de Zelaya ao prédio, na última segunda-feira, a administração da embaixada passou a funcionar na casa de Catunda que, nos últimos dias, encarregou-se da contabilidade e do pagamento dos funcionários. O prédio, hoje cercado por tropas do Exército e da Polícia Nacional hondurenha, serviu, no passado, como residência dos embaixadores brasileiros; entre eles, o diplomata e escritor pernambucano João Cabral de Melo Neto.

Nesta quarta-feira, o presidente de facto de Honduras, Roberto Micheletti, declarou que compete exclusivamente a Zelaya a decisão de retirar-se do prédio e, portanto, não forçará sua saída.

Nos últimos dias, cerca de 14 pessoas deixaram a embaixada, entre elas o filho caçula do presidente deposto, José Manuel. Entretanto, pesa sobre Zelaya a ameaça de, ao deixar o edifício, ser preso para responder a 18 processos movidos contra ele na Justiça.

"Essa é uma questão pessoal. Se quer ficar aí por sete anos, cinco anos, pode ficar. Estou falando de experiências que já aconteceram", disse Micheletti.

Apesar do ultimato do governo de facto, que deu prazo até terça-feira para os diplomatas brasileiros saírem do edifício e deixarem o país, De Paula não pretende abandonar o local. Catunda informou que não sairá de Honduras nem deixará de ir à embaixada.

O Itamaraty confia na possibilidade de o governo de facto flexibilizar o ultimato, em função da chegada de uma missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) na quarta-feira da próxima semana.

"Vamos ficar tranquilos. Não há nenhuma instrução do Itamaraty para que deixemos o posto", afirmou De Paula. "Quando tudo terminar, vou sair pela porta da frente e ir para a residência (do embaixador em Tegucigalpa)", completou.

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