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casamento homossexual

Brasileiro obtém visto humanitário para viver com marido nos EUA

O americano e o brasileiro durante visita a Salvador | Álbum de família
O americano e o brasileiro durante visita a Salvador (Foto: Álbum de família)

Com apoio do senador democrata e ex-presidenciável americano John Kerry, o brasileiro Genesio Januário de Oliveira Junior conseguiu um visto humanitário para retornar esta semana aos Estados Unidos para viver com o publicitário Tim Coco, com quem está casado desde 2005.

"Nunca perdemos a esperança. Começamos a fazer planos de talvez morar na Europa, mas o pessoal [do escritório] do John Kerry sempre estava ali se comprometendo de que iam me trazer pra casa. Ele entrou no caso como se fosse algo pessoal", contou Oliveira por telefone ao site de notícias G1 de Haverhill, no estado americano do Massachussets, onde vive com Tim.

Ele e o publicitário estavam separados há dois anos e 9 meses, desde que Oliveira teve que retornar ao Brasil em 2007 após ter negado pela Justiça um pedido de asilo para permanecer nos EUA. O brasileiro se casou com o americano em 2005, quando ainda tinha apenas o visto de turista, depois que eles se conheceram em um bar em Boston.

O estado de Massachusetts permite o casamento homossexual, mas a lei federal não garante a um estrangeiro que ele possa permanecer no país legalmente. O caso ganhou repercussão após a entrada do ex-candidato à presidência dos EUA. No ano passado, o procurador-geral Eric Holder não respondeu ao pedido de asilo do brasileiro por razões humanitárias.

O visto atual, conta o brasileiro, foi concedido após uma conversa de Kerry com a secretária de Segurança Nacional americana, Janet Napolitano, e tem duração de um ano. "É um visto temporário, muito raro. Não chegam a ser concedido nem 350 por ano. Mais foi só o primeiro passo, corrigiu o erro maior que era separar nós dois. Agora vamos trabalhar para ver se eu consigo o asilo", explica Oliveira.

"Obviamente nós vamos trabalhar por uma solução permanente, mas por ora não poderíamos estar mais felizes de que o sistema tenha funcionado e que Tim e Junior estajam reunidos novamente", disse o senador John Kerry à agência de notícias Associated Press. "Este é um momento muito especial, um pouco atrasado, mas mais especial ainda porque eles viram que a espera valeu a pena."

Para Oliveira, o apoio do democrata foi decisivo, além da repercussão do caso na mídia americana. "No início, chegamos a colocar um anúncio no ‘Washington Post’ com uma foto nossa rasgada ao meio ao lado da frase "Make it right" [algo como "Faça do jeito certo"]. Hoje, soubemos por uma congressista que até a [presidente da Câmara dos Representantes] Nancy Pelosi sabe do nosso caso", conta.

Violência

No pedido de asilo, Junior e Tim relatam que o brasileiro sofreu abusos quando era adolescente no Brasil e argumentam temer que ele sofra novos atos de preconceito no país por ser homossexual. Em 2008, os dois chegaram a enviar uma carta relatando o caso ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

Junior diz ter juntado ao pedido recortes de matérias do Grupo Gay da Bahia sobre a violência praticada contra homossexuais brasileiros. "Nunca foi meu objetivo difamar o país. Eu amo o Brasil, mas acontece que temos que olhar a realidade. Se você for pesquisar, vai ver que o ano passado foi o pior em crimes contra homossexuais. A cada dois dias, um homossexual morre no Brasil pelo simples fato de ser homossexual."

O brasileiro agora pretende recuperar o tempo perdido e retomar os estudos no curso de artes que abandou quando teve de voltar ao Brasil. Os dois não se viam desde 2008, quando passaram o réveillon juntos em Londres. "Tudo ainda parece surreal", diz.

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