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Dupla cidadania

Brasileiros concorrem em eleição italiana

Curitiba – O Parlamento da Itália terá, na próxima legislatura, deputados e senadores importados. Pela primeira vez, estrangeiros com cidadania italiana puderam candidatar-se para as eleições de 9 de abril. O Brasil – parte da circunscrição eleitoral que abrange a América do Sul – tem 12 candidatos à Câmara e 7 ao Senado. Em toda a região, 79 latinos com dupla cidadania inscreveram-se para disputar três vagas da Câmara e duas do Senado.

A disputa eleitoral tem recebido pouca visibilidade, o que preocupa os candidatos. O advogado Walter Petruzziello, único concorrente residente no Paraná, afirma estar enfrentando dificuldades para fazer campanha. A principal estratégia do candidato ao Senado será enviar cartas aos eleitores. Para ele, a maioria vai receber com surpresa as cédulas eleitorais enviadas pelo governo da Itália, e terá dificuldade inclusive para compreender o sistema de votação. Desconhecidos da maioria dos brasileiros que têm cidadania italiana, os candidatos têm menos de um mês para garantir votos.

Eleitorado

Segundo o governo da Itália, a circunscrição da América do Sul tem 722.681 eleitores com mais de 18 anos registrados. Esse número equivale ao eleitorado das cidades de 1,1 milhão de habitantes no Brasil. Dispersos em solo brasileiro, estão 173.380 italianos com direito a voto, 23.130 no Paraná.

Os três deputados e os dois senadores que devem ser eleitos pela América do Sul terão o mesmo poder de decisão dos parlamentares italianos. Eles terão de participar das sessões semanais e inclusive ajudar a escolher o primeiro-ministro. Para isso, deverão manter residência na Itália e no país de origem.

Brasil X Argentina

Aos poucos, a disputa ganha forma. A Argentina, que concentra quase metade dos eleitores sul-americanos, tem também o maior número de candidatos: 23, para a Câmara, e 9, para o Senado. A julgar pela orientação dos candidatos, o Brasil tem mais defensores da centro-esquerda, que prefere Romano Prodi como primeiro-ministro da Itália. Na Argentina, os candidatos de centro-esquerda são minoria, o que indica que a maior parte defende a recondução do atual premier, Silvio Berlusconi, ao cargo. Os candidatos a senadores e deputados disputam votos em todos os países de sua circunscrição.

O grupo mais à esquerda tenta garantir uma votação expressiva no Brasil para ficar com pelo menos uma cadeira a mais no Senado e outra na Câmara. A chapa Unione, que reúne os partidos de centro-esquerda, lançou quatro candidatos ao Senado e seis à Câmara dos Deputados. Mais da metade (seis) vivem no Brasil.

Por outro lado, existem candidatos que se definem como "de centro". Eles se mantêm em cima do muro na hora de escolher o primeiro-ministro. Para essa linha, promessas de abertura de centros culturais e de auxílio aos imigrantes são as principais fontes de voto.

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