Crianças do grupo de brasileiros e familiares resgatados de Gaza comemoram o resgate.| Foto: Reprodução/X/Ministério das Relações Exteriores
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O Itamaraty informou nesta manhã de domingo (12) que um grupo de 32 brasileiros e seus familiares, depois de muita espera, conseguiu cruzar a fronteira entre Gaza e Egito.

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O número original era 34, mas duas pessoas preferiram ficar na zona de conflito "por motivos pessoais" — uma mulher de 50 anos e sua filha de 12 anos, segundo o embaixador brasileiro na Palestina, Alessandro Candeas. Outros 50 brasileiros e familiares estão esperando evacuação em uma próxima lista.

Às três horas da manhã de Brasília, eles passaram por Rafah (cidade do sul de Gaza com passagem para o Egito) e pegaram um ônibus por dois quilômetros até um posto de imigração egípcio, onde foram recebidos por uma equipe da embaixada brasileira no Cairo. Até chegarem na capital egípcia, onde pernoitarão, serão mais seis horas de viagem.

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O voo para o Brasil em um avião da FAB está previsto para segunda-feira, às 11h50 (horário local). De acordo com o governo brasileiro, serão feitas três paradas técnicas: em Roma, na Itália, em Las Palmas, na Espanha, e na Base Aérea do Recife.

O grupo de 32 pessoas deve chegar à Base Aérea de Brasília às 23h30 desta segunda-feira. Eles devem pernoitar por dois dias em Brasília, em alojamento da FAB, onde poderão descansar. Já no aeroporto, deverão encontrar uma equipe da Polícia Federal e da Receita Federal para facilitar com a documentação. Também estão previstos médicos, psicólogos e um posto de imunização.

O contato com a cultura brasileira varia entre os resgatados, alguns são culturalmente palestinos e não têm onde morar. O secretário nacional de Justiça, Augusto Botelho, prevê que ganharão abrigo no interior de São Paulo.

Relações Exteriores considera saída em tempo esperado

Em coletiva de imprensa na tarde deste domingo, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enfatizou que a vinda do grupo aconteceu após intensas conversas entre chefes de Estado de Israel, Egito, Catar e a Autoridade Palestina. E em tempo considerado dentro do esperado por ele.

"É uma região em guerra, as circunstâncias são complexas, havia acordos na região que estabeleciam que antes da abertura da passagem pra civis havia necessidade de sair ambulâncias com feridos. Mas contamos tanto do lado de Israel como do Egito com boa vontade para solucionar a questão", disse.

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Segundo o ministro, se a vinda dos brasileiros ou parentes próximos palestinos não aconteceu antes, a situação não foi exclusiva ao país. "Havia uma lista de países que estavam prontos, esperando a partida. Alguns tinham 500, 600 nacionais. E na medida que os pedidos foram recebidos, entraram em ordem de prioridade que foi seguida e atendida. Saímos acredito que entre o oitavo ou décimo dia da passagem de civis, então acredito que está dentro do que foi acordado com os lados envolvidos", enfatizou.

A fronteira do Egito para passagem de feridos e estrangeiros foi aberta pela primeira vez no dia 1º de novembro.

Não há confirmação se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberá os refugiados na chegada a Brasília. Segundo o ministro, dependerá da agenda presidencial.

Mauro Vieira afirmou ainda que o Ministério do Desenvolvimento Social e a Casa Civil terão sistema de apoio e acolhimento para disponibilizar não apenas acesso dos refugiados à rede de apoio social brasileira, como sistema de saúde e serviço de documentação, mas também possibilidade de solicitar pedido de Refúgio para conseguir trabalho no Brasil.

Um dos repatriados do grupo que chega nesta segunda é Hasan Rabee, nascido em Gaza, que postou fotos do grupo e vídeos no Instagram. Ele agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo resgate. No dia 2 de novembro, Rabee publicou uma foto de Lula e comentou na legenda que "Israel está jogando um jogo sujo" e "se o preço da defesa da humanidade e da injustiça é atrasar nossa viagem e a saída das nossas famílias de Gaza, não temos nenhum problema, a gente entende isso".

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Quatro dias após o ataque terrorista do Hamas, no mês passado, Rabee deu uma entrevista à Globo News em que disse que precisou trocar de abrigo após uma bomba atingir uma casa vizinha. A explosão teria deixado 12 mortos e 60 feridos. Na data (11 de outubro), ele disse que estava "sem esperança nenhuma do resgate" após Israel bombardear a região da fronteira no dia anterior.

As Forças de Defesa de Israel justificaram a operação dizendo que havia lá um túnel pelo qual os terroristas estavam recebendo contrabando de armas e equipamento. "A passagem de Rafah ainda está aberta. Quem puder sair, recomendo que saia", disse o porta-voz das FDI, Richard Hecht.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]