Um deslizamento de terra bloqueou no domingo a ferrovia que leva a Machu Picchu, no Peru, deixando ao menos 2 mil pessoas isoladas em Águas Calientes, perto da cidade histórica. Brasileiros no local estimam que há 200 turistas do país entre os ilhados. Eles permaneciam na cidade até o fechamento desta edição.
Intensas chuvas provocaram vários deslizamentos na região de Cuzco, cidade-base para as viagens a Machu Picchu. A companhia Peru Rail explicou em nota que os deslizamentos cobriram parte da via, na altura de Huarocondo, obrigando a suspensão da rota.
Segundo o advogado Lourivaldo Silva Júnior, de Paranaguá, as atividades normais da cidade foram interrompidas por uma sirene de evacuação. Entre domingo e ontem, as pessoas foram levadas duas vezes até a estação de trem. Porém, com a ferrovia sem condições de uso, tiveram de retornar à cidade. Na tarde de ontem, os turistas foram conduzidos para um campo de futebol localizado na parte mais alta da cidade. De lá, seriam removidos de helicóptero. "Até agora ninguém nos deu nenhuma informação. Estamos todos juntos aqui. Parece um campo de refugiados, com pessoas de vários países", descreveu Lourivaldo, que viaja junto com os pais.
Enquanto Lourivaldo falava à Gazeta do Povo, por telefone, uma funcionária de uma agência de viagens orientava as pessoas a deixar as bagagens e embarcar nos helicópteros portando apenas os documentos. Duas aeronaves sobrevoaram a região, mas não pousaram. Os turistas então voltaram para os hotéis. "A gente pergunta, mas cada vez falam algo diferente. Às vezes dizem que vamos embora de trem e, às vezes, que vamos de helicóptero", relata. Lourivaldo estima haver 50 militares auxiliando a evacuação dos turistas.
O ministro do Comércio Exterior e Turismo do Peru, Martín Pérez, garantiu a segurança das pessoas isoladas. "O estoque de alimentos está garantido para três a quatro dias, não há preocupação por esse lado", disse o ministro à emissora de rádio local RPP. Lourivado confirma não haver falta de comida.
As chuvas intensas provocaram também o desabamento de algumas casas e a morte de uma idosa e uma criança, segundo autoridades locais. O ministro Pérez disse que as chuvas são as piores em 15 anos.
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Depoimento: Um esconderijo
São os moradores da pequena comunidade de Águas Calientes que socorrem os turistas quando há algum imprevisto na região. Mostram-se hospitaleiros, mas sem muitos recursos. As centenas de pessoas que fazem pelas trilhas o caminho de Machu Picchu e logo voltam de trem para Cuzco representam sobrecarga para o aglomerado. O isolamento de Águas Calientes só não é maior porque em todo canto há uma lan house. De lá mesmo, os turistas mandam notícias e postam fotografias de Machu Picchu em blogs e páginas pessoais. Se o trem é a ligação mais segura com os lugarejos vizinhas, a internet oferece conexão direta com o mundo e conforto para quem espera notícias.
José Rocher, editor assistente de Agronegócios
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