Curitiba As declarações de que uma nova e profunda reforma agrária está a caminho na Bolívia, feitas pelo vice-ministro de Terras, Alejandro Almaraz, fizeram com que agricultores brasileiros da região de Santa Cruz de la Sierra se mobilizassem para pedir uma reunião com o presidente Evo Morales, intermediada pela Embaixada do Brasil na Bolívia.
Ao contrário do tom diplomático e conciliador adotado na última semana, quando conversou com a Gazeta do Povo sobre a possível nacionalização das terras pelo governo boliviano, o agricultor paranaense e diretor da Associação Nacional dos Produtores de Soja da Bolívia, Nilson Medina, disse que o depoimento de Almaraz foi "irresponsável" e trouxe grande incerteza ao setor.
"A partir de hoje (ontem) eu comecei a ficar bastante preocupado com as declarações. Isso traz muita incerteza e instabilidade ao setor. Fizemos contato com a embaixada do Brasil em Santa Cruz. Estamos articulando uma reunião com o presidente da República, Evo Morales, aproveitando que está vindo uma grande comissão da Petrobrás para cá, para tentar esclarecer essa situação", afirma Medina, dono de 7 mil hectares de terras na Bolívia, onde vive há 15 anos. Estima-se que os brasileiros sejam responsáveis por 35% da produção de soja no país.