Estava prevista para a manhã desta terça-feira a chegada a Recife, Pernambuco, do avião da Força Aérea Brasileira (FAB) encarregado de transportar brasileiros que estavam no Líbano e fugiram dos ataques israelenses. A aeronave, que em seguida partirá para Guarulhos, em São Paulo, saiu na noite de segunda-feira de Adana, na Turquia, com 122 pessoas, a maioria do Brasil.
O resgate de brasileiros e estrangeiros que pediram ajuda ao Consulado Geral do Brasil foi feito num comboio de quatro ônibus, que saiu na manhã de segunda de Beirute, atravessou a Síria e chegou à Turquia. A tripulação do avião, por sua vez, decolou de Adis Abeba, Etiópia, com destino a Adana, para o transporte dos brasileiros interessados em retornar ao Brasil. A aeronave saiu de Adana às 21h15m (horário de Brasília).
A chegada está prevista para 9h em Recife e 15h em Guarulhos. Os diplomatas revelaram que nem todos os brasileiros que deixaram o Líbano demonstraram interesse em vir para o Brasil. O chanceler Celso Amorim disse que outro avião poderá ser enviado à região se necessário.
Em Foz do Iguaçu, a expectativa e a apreensão são grandes. Pelo menos cem famílias da cidade estão no Líbano. São cerca de 300 pessoas, a maioria crianças, que viajaram para passar as férias com parentes que moram no Líbano. Sem conseguir falar com eles, parentes em Foz passam o dia na frente da televisão, em busca de notícias.
A cada míssil disparado, e transmitido ao vivo pelos canais árabes, o temor de ouvir o nome de alguém da família entre os mortos é grande.
- Hoje dormi só uma hora. Não consigo descansar - contou Mohamed Fadel, que tem os pais e seus 11 irmãos morando no sul do Líbano.
Casado com Fairuz Hijazi, os dois dividem a apreensão. Os pais dela moram no Líbano. Um dos irmãos, Ali Ahmad Hijazi, viajou de Foz do Iguaçu para Kabrika no dia 7 com a mulher e os quatro filhos. Desde então, ele vive num abrigo com mais 20 pessoas. Na última ligação, disse estar preocupado com a aproximação dos bombardeios.
Num prédio de 18 andares no centro de Foz de Iguaçu, a maioria dos moradores tem parentes que viajaram para o Líbano ou residem no país. O silêncio nos corredores só é quebrado pelo som da televisão.
- As pessoas que saem em busca de ajuda estão sendo mortas. Não há como fugir. Elas não têm para onde ir - disse Ali Kazan, comerciante que tem pais e irmãos no sul do Líbano.
Com o ataque à infra-estrutura da capital libanesa, Beirute, os telefones fixos foram cortados. A falta de energia impede o uso dos celulares. Quem tem gerador, teme ligar os motores.
- De dia, eles não podem sair do abrigo para ligar o gerador senão correm o risco de serem mortos pela artilharia. De noite, até poderiam sair protegidos pela escuridão, mas se ligarem o gerador a luz vai atrair os aviões - contou Fadel.
Os cerca de 12 mil imigrantes e descendentes de árabes e libaneses preparam um manifesto para amanhã, às 16h, na praça principal de Foz do Iguaçu, pedindo o fim da guerra.
Na Câmara de Vereadores, um pedido de ajuda aos brasileiros na região é preparado, assim como de resposta às famílias. Já a Câmara dos Deputados decidiu pedir ontem ao chanceler Celso Amorim informações sobre as condições dos brasileiros na região.
O Ministério das Relações Exteriores lembra que o plantão da Divisão de Assistência Consular, para questões relativas a atendimento a brasileiros no exterior, pode ser contactado pelos telefones 0 XX (61) 9983-0157 / 9983-0137 / 9983-0164 / 9976-8205.
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