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Imigrantes

Brasucas ilegais se organizam nos EUA

Framingham (AE) – Os 450 mil assinantes do Boston Globe podem ficar sem jornal no próximo dia 1.º de maio. A razão é que os cinco mil entregadores – imigrantes brasileiros não documentados em sua maioria – ameaçam aderir ao "Dia Sem Imigrantes", um boicote nacional que as organizações representativas dos aproximadamente 12 milhões de estrangeiros ilegais que vivem nos Estados Unidos articulam para o dia mundial do trabalho. Eles querem comprovar, com sua ausência, o quanto são úteis e indispensáveis para o país.

A idéia nasceu do filme Um Dia sem Mexicanos, uma comédia que mostra o que aconteceria na Califórnia se os imigrantes ilegais vindos do México desaparecessem subitamente.

O objetivo da paralisação é manter a pressão criada pelas gigantescas manifestações em defesa dos direitos dos imigrantes realizadas em mais de cem cidades norte-americanas nas últimas semanas e tentar influir no debate sobre a reforma das leis de imigração pendente no Congresso.

A súbita disposição de um número significativo de não documentados brasileiros de participar de um campanha política em defesa de seus interesses é motivo de surpresa na própria comunidade brasuca na área de Boston. Segundo uma anedota, os imigrantes são os prediletos do FBI: são tão desorganizados que nunca formarão uma máfia. A brincadeira reflete a falta de auto-estima exibida por ilegais como Paulo Sérgio Alves, catarinense de Criciúma, 35 anos, que já entrou quatro vezes sem visto nos EUA nos últimos 15 anos –; três pelo México e uma pelo Canadá.

A piada do FBI começou a perder a graça no último dia 10, quando centenas de brasucas, alguns empunhando bandeiras – brasileiras e americanas – juntaram-se a milhares de mexicanos, centro-americanos, irlandeses e russos numa manifestação no centro de Boston.

Fausto Mendes da Rocha, o diretor do Centro do Imigrante Brasileiro, em Allston, é um dos líderes comunitários que se empenharam na mobilização de seus compatriotas. Capixaba de 46 anos, há 18 nos EUA, Fausto descobriu sua vocação de ativista depois de experimentar na própria pele, quando trabalhava em limpeza de prédios em Boston, os abusos a que os imigrantes ilegais estão sujeitos.

Fausto teve sua permanência nos EUA regularizada por ordem judicial, dois anos atrás, graças a seu trabalho com os imigrantes brasileiros e a pressão da imprensa local.

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