Manifestantes em Genebra cobraram abertura de investigação pelos abusos cometidos pelo regime iraniano contra as manifestações pela morte de jovem por “uso inadequado” do véu islâmico
Manifestantes em Genebra cobraram abertura de investigação pelos abusos cometidos pelo regime iraniano contra as manifestações pela morte de jovem por “uso inadequado” do véu islâmico| Foto: EFE/EPA/MARTIAL TREZZINI

O líder supremo do Irã elogiou o desempenho da força paramilitar Basij do país por seu papel na repressão aos manifestantes anti-regime. Durante um encontro com representantes do Basij em Teerã, neste sábado (26), o aiatolá Ali Khamenei descreveu o movimento de protesto popular como “desordeiros” e “bandidos” apoiados por forças estrangeiras, além de chamar os paramilitares de “inocentes” e protetores da nação iraniana. “Ao enfrentar o inimigo no campo de batalha, o Basij sempre se mostrou corajoso, sem medo do inimigo”, disse o Khamenei.

O Basij é uma ala da Guarda Revolucionária do Irã que tem atuado na forte repressão contra os protestos iniciados em setembro. As mobilizações da população contra o regime opressivo do Irã foram desencadeados pela morte de Mahsa Amini, de 22 anos, sob custódia da polícia de moralidade do Irã. A jovem teria sido presa por não usar seu hijab (véu) corretamente. Segundo a Anistia Internacional, os integrantes do Basij receberam ordens de “confrontar impiedosamente” os manifestantes.

As palavras de Khamenei vêm um dia depois que o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, alertou que o Irã está em uma “crise de direitos humanos de pleno direito” devido à repressão aos dissidentes antirregime. Ele disse ao conselho de estados de 47 membros em Genebra que as forças de segurança responderam aos protestos usando força letal contra manifestantes desarmados e transeuntes que “não representavam nenhuma ameaça”. Na quinta-feira (24), o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas decidiu criar uma missão para investigar a repressão do governo do Irã aos protestos.

Calcula-se que mais de 14 mil pessoas, incluindo crianças, foram presas em conexão com os protestos. Ao menos 21 deles enfrentam atualmente a pena de morte e seis já receberam sentenças de morte. Segundo a ONG Iran Human Rights, sediada na Noruega, pelo menos 416 pessoas, incluindo 51 crianças e 27 mulheres, haviam sido mortas pelas forças de segurança iranianas nos protestos realizados em todo o país até o início desta semana.