O presidente da Argentina, Alberto Fernández, e sua vice-presidente, Cristina Kirchner, voltaram a se encontrar em público durante um evento que celebrou o centenário da petrolífera YPF.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, e sua vice-presidente, Cristina Kirchner, voltaram a se encontrar em público durante um evento que celebrou o centenário da petrolífera YPF.| Foto: Cristina Kirchner/Divulgação/EFE

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, e sua vice-presidente, Cristina Kirchner, voltaram a se encontrar em público na sexta-feira (3) durante um evento que celebrou o centenário da petrolífera YPF.  O encontro acontece após vários meses de tensão dentro do partido governista em razão do curso econômico que o Executivo deve tomar após o acordo alcançado com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Durante o evento, realizado no complexo de feiras de Tecnópolis, na província de Buenos Aires, os dois se mostraram próximos, compartilhando duras críticas à oposição e exaltando os princípios defendidos por sua corrente política, o peronismo. O ato de ontem marcou a primeira reunião pública entre o presidente e sua vice desde 1º de março, quando estiveram juntos na abertura das sessões ordinárias do Congresso.

Os últimos três meses foram marcados por suas disputas em torno da política econômica do governo, que assumiu uma série de compromissos (redução do déficit fiscal, acúmulo de reservas e diminuição dos subsídios energéticos) com o FMI para refinanciar uma dívida de mais de US$ 40 bilhões."Continuarei pedindo a todos os meus companheiros e companheiras que me ajudem, a ser a Argentina justa, livre e soberana com a qual Perón e Evita sonharam, Cristina e Néstor sonharam e eu sonho", disse Alberto Fernández ao final do seu discurso, em que voltou a clamar pela "unidade" do Executivo.

A primeira a falar foi Cristina, ex-presidente entre 2007 e 2015 e líder do kirchnerismo, ala do peronismo que nos últimos meses atacou duramente a gestão de vários membros do gabinete de Fernández, especialmente o ministro da Economia, Martín Guzmán. Dessa vez, a ex-presidente e atual vice evitou qualquer tipo de crítica ao Executivo e pediu ao presidente que use a "caneta" em suas negociações com grupos empresariais.

"Existe um esporte nacional de se apoderar das reservas que estão no Banco Central sob diferentes mecanismos, principalmente quando temos uma lacuna como a que temos. O que eu peço a você (Alberto) é que use a caneta, que a use com quem tem que dar coisas ao país, você tem que usá-la”, discursou a vice-presidente sob aplausos.

A também chefe do Senado aproveitou seu discurso para fazer um balanço de sua gestão como presidente, entre 2007 e 2015, etapa marcada, entre outros eventos, pela expropriação da Repsol de 51% da YPF, e concentrou o restante de sua discurso o atacar seu sucessor, o liberal Mauricio Macri (2015-2019). "Temos que entender que as decisões que sempre respondem aos interesses da grande maioria encontram muitas críticas, muitas armadilhas, mas acredite, a sensação e os sentimentos que se experimenta quando se sente que cumpriu um dever é indescritível", assegurou Cristina, em relação à nacionalização da petrolífera.