O regime cubano decidiu cancelar o tradicional desfile do 1.º de Maio em Havana, promovido durante décadas como a maior demonstração de apoio popular à revolução cubana de 1959. O cancelamento foi por conta da grave crise que o país vem enfrentando com a escassez de combustíveis na ilha.
A marcha costuma ser um evento grande em Havana, que envolve uma mobilização de ônibus cheios de gente de toda a cidade em direção à emblemática Praça de Revolução, o ponto mais alto e central da capital da ilha.
Segundo o El País, o evento foi cancelado depois de protestos nas redes sociais, com parte da população a criticar os gastos num país onde a venda de gasolina já começou a ser racionada, e onde as pessoas têm de permanecer durante dias em filas nos postos de combustível.
Ao jornal espanhol, o ditador cubano Miguel Díaz-Canel, disse que a ilha está recebendo apenas dois terços da gasolina que o país precisa para abastecer seus automóveis e caminhões. O regime alega que a escassez tem origem no descumprimento de acordos comerciais por parte de outros países. “Uma situação energética complexa”, disse Díaz-Canel.
A explicação da quebra nas exportações dos fornecedores é vista como uma referência indireta à Venezuela. O país sul-americano diminuiu drasticamente a exportação de petróleo para a ilha –um acordo do início dos anos 2000 garante a entrega em troca de médicos e professores cubanos. De acordo com o jornal inglês The Guardian, as exportações da Venezuela para Cuba caíram cerca de 50% na última década.
A grave crise que o país está atravessando ocorre devido a uma combinação das consequências da pandemia de covid-19, o endurecimento das sanções dos Estados Unidos e erros na política econômica e monetária interna. A crise em Cuba é evidenciada pela escassez de produtos básicos — como alimentos, medicamentos e combustível —, pela inflação desenfreada, apagões frequentes e migração sem precedentes.