A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, prestou depoimento à justiça neste sábado e disse que não se deu conta do que acontecia dois dias atrás, enquanto era alvo de uma tentativa de assassinato, conforme noticia a imprensa local.
Na tarde desta sexta-feira, a juíza incumbida do caso, María Eugenia Capuchetti, e o promotor Carlos Rívolo foram até a casa da ex-chefe de governo para ouvi-la.
Kirchner disse à magistrada titular do Juizado Criminal e Correcional Federal Número 5 que não se deu conta do que estava acontecendo quando foi apontada uma arma contra seu rosto, segundo publica o site local "Infobae".
A vice de Alberto Fernández relatou que, quando a pistola surgiu, ela se abaixou para pegar um livro que estava autografando para uma das pessoas que estava em volta de sua casa, aguardando para vê-la.
Em imagens que viralizam desde a quinta-feira, é possível ver o momento em que o brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel, de 35 anos, aponta uma pistola calibre 32, de marca Bersa, e tenta disparar duas vezes, sem conseguir.
O homem é nascido em São Paulo, filho de uma argentina e um chileno, ele tem residência na Argentina desde a década de 1990 e já possuía antecedente criminal por portar armas não convencionais.
No vídeo, é possível ver que, depois de Kirchner agachar e ser acolhida, Sabag Montiel é detido por guarda-costas.
O brasileiro preferiu ficar em silêncio e se negou a prestar depoimento, enquanto a polícia cumpria mandado de busca em sua residência.
Agentes da polícia federal argentina encontraram 100 projéteis calibre 9 mm na casa do homem, que vivia no município de San Martín, na província de Buenos Aires.
Peritos analisarão o telefone celular e o computador portátil de Sabag Montiel, para averiguar se outras pessoas estão envolvidas com a tentativa de assassinato.
Tensão política
A Argentina vive um período de alta tensão política, e Cristina Kirchner é alvo de um pedido de prisão por parte do Ministério Público no contexto de um julgamento no qual ela é acusada de corrupção na concessão de obras públicas durante seus mandatos como presidente (2007-2015).
Desde então, grupos a favor e contra a ex-presidente e atual vice têm se manifestado nas ruas de Buenos Aires.
Em pronunciamento após o atentado, Alberto Fernández afirmou que considera o atentado o "acontecimento mais grave" na Argentina desde o retorno à democracia, em 1983.