O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, expressou neste domingo (10) sua preocupação com a reforma do Código Penal aprovada esta semana em El Salvador, e denunciou que a iniciativa abre caminho para a criminalização e a censura dos jornais do país. Em nota, Blinken reagiu à reforma aprovada pela Assembleia Legislativa na terça-feira (5), que impõe penas de 10 a 15 anos de prisão para "qualquer tipo de declaração escrita que se refira aos diferentes grupos ou associações criminosas terroristas ou gangues".
Na avaliação de Blinken, as reformas criminalizam o jornalismo, impedindo a realização de reportagem sobre corrupção e outros assuntos de interesse público. "Os jornalistas devem ser livres para trabalhar sem medo de violência, ameaças ou detenções injustas", disse Blinken, que também ressaltou discordar que a reforma seja usada para "silenciar os críticos do governo salvadorenho".
O chefe da diplomacia americana se mostrou preocupado com o pico de violência cometido pelas gangues MS-13 e Barrio 18 em El Salvador, no final de março. A violência levou a Assembleia Nacional a decretar um estado de emergência no país. Como resultado do estado de exceção, concedido a pedido do presidente Nayib Bukele, vários direitos constitucionais foram suspensos, incluindo o direito de defesa durante um processo judicial e a inviolabilidade das telecomunicações para os salvadorenhos.