Ouça este conteúdo
Pouco mais de um mês após ter sido removida à força pela polícia alemã dos arredores de uma mina de carvão, a ambientalista sueca Greta Thunberg, 20 anos, foi conduzida coercitivamente duas vezes para fora de dois ministérios em Oslo, Noruega, nesta quarta (1º). Dessa vez, ela protestava contra turbinas eólicas. Junto a outros ativistas também removidos, ela protestou no Ministério das Finanças e no Ministério do Meio Ambiente pela remoção de 151 turbinas que geram energia a partir do vento das terras do povo lapão, no centro do país, onde há criadores de renas.
Como aconteceu na Alemanha, a ativista e seus companheiros de protesto foram liberados logo após serem detidos temporariamente. Os militantes relatam ter conseguido levantar US$ 100 mil (R$ 518 mil) para cobrir suas despesas legais.
A mensagem de Thunberg e os outros ativistas é que a transição para energias renováveis não deve vir às custas de direitos de povos nativos como os lapões. A Suprema Corte da Noruega decidiu em 2021 que as turbinas, construídas em dois parques eólicos nos arredores de Fosen, violavam os direitos dos nativos de acordo com convenções internacionais. Um ano e meio depois, no entanto, elas continuam em operação. Os criadores de renas dizem que os animais ficam assustados com as grandes turbinas e o som que fazem, e reclamam que suas tradições estão sob ataque.
Nos últimos dias, os manifestantes bloquearam acesso aos prédios do governo norueguês. A jovem sueca, para expressar o motivo do protesto, empunhava uma bandeira sámi (como também é conhecido o povo lapão) ao ser carregada pelas autoridades. “Queremos deixar bem claro que é o Estado norueguês que está cometendo crime de verdade aqui, por violar direitos humanos”, disse Greta à agência Reuters.
Ela reconheceu no passado, como fizeram outros ambientalistas mais experientes como Michael Shellenberger, que a energia nuclear é uma das melhores saídas para a celeuma energética. Shellenberger, além disso, virou um crítico dos grandes investimentos governamentais que baratearam artificialmente a energia eólica e os painéis solares, que não são livres de impacto ambiental e alimentam uma brutal indústria de mineração na África. Como descobriu recentemente a Catalunha, a energia ditas renováveis podem não ser sustentáveis. Análises mostram, também, que a energia do sol e dos ventos mostrou-se muito instável na Alemanha, que precisou recorrer ao gás natural e ao carvão mineral antes mesmo da guerra na Ucrânia.
A presidente do órgão consultivo Parlamento Sámi, Silje Karine Mutoka, disse que seu povo exige que “o governo reconheça claramente que há uma violação de direitos humanos e aja de acordo com isso, honrando a questão com a seriedade que ela merece”. O ministro da energia, Terje Aasland, cancelou uma visita ao Reino Unido e tem esperança de chegar a um consenso.