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Crise política

Manifestantes indígenas invadem parlamento do Equador

Manifestantes são dispersados da assembleia nacional pela polícia de choque em Quito, Equador, 8 de outubro de 2019 (Foto: Martin BERNETTI / AFP)

Manifestantes indígenas ligados à Conferência Nacional Indígena do Equador invadiram o edifício da Assembleia Nacional, o Parlamento do Equador, em Quito, nesta terça-feira (8), depois de o presidente Lenín Moreno transferir a capital para Guayaquil, na costa do país.

Os indígenas, uma das principais forças políticas do Equador, tomaram o edifício aos gritos de "Fora, Moreno!" Eles foram retirados do prédio pouco depois. O prédio foi invadido depois de os manifestantes romperem grades de proteção que envolviam a entrada principal da assembleia. Mais de 10 mil pessoas se concentram em Quito à espera de uma grande manifestação amanhã contra o presidente.

Os líderes da Conaie pediram que os manifestantes, muitos deles jovens, não entrem em confronto com a polícia. Houve disparo de bombas de gás lacrimogêneo, segundo testemunhas. A polícia cerca o quarteirão onde fica a assembleia.

Diante da chegada à capital do país de milhares de indígenas que rejeitam o fim dos subsídios decretado pelo governo e a consequente alta do preço dos combustíveis, Moreno decidiu transferir a sede do governo, com base no estado de exceção decretado na quinta-feira para tentar sufocar a rebelião social.

Com a medida - que a princípio foi decretada por 60 dias, mas que a Corte Constitucional restringiu para apenas 30 -, os militares foram enviados às ruas e o governo pode restringir direitos e impor censura prévia à imprensa. A Corte explicou que as medidas de limitação e suspensão de direitos estabelecidas no decreto de exceção serão aplicadas com relação à "liberdade de associação, reunião e livre trânsito", assim como nas requisições consideradas necessárias pelo Estado.

Presidente acusa Maduro de golpe

Moreno acusou seu antecessor e antigo aliado Rafael Correa - que vive na Bélgica - e o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, de querer desestabilizar seu governo. "O sátrapa do Maduro ativou com Correa seu plano de desestabilização", afirmou Moreno em um discurso na rede nacional de rádio e TV.

Ao lado de seu vice-presidente, Otto Sonnenholzner, e do ministro da Defesa, Oswaldo Jarrín, Moreno disse que Correa e vários de seus ex-colaboradores viajaram "ao mesmo tempo, há poucas semanas, para a Venezuela", e colocou em dúvida que tenha sido uma "coincidência".

Moreno também chamou os "correístas" de corruptos e afirmou que "estão por trás desta tentativa de golpe de Estado, com o uso e instrumentalização de alguns setores indígenas, aproveitando sua mobilização para saquear e destruir".

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