O ex-presidente da Argentina Mauricio Macri lamentou neste domingo o uso "partidário" do atentado contra a atual vice do país, Cristina Kirchner, embora tenha condenado a ação, pela qual foi preso o brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel, de 35 anos.
"O fato violento que colocou em risco a vida a vice-presidente e que mereceu o repúdio de todas as organizações e lideranças, está sendo usado pelo kirchnerismo de forma partidária, para iniciar uma caça dos inimigos históricos que eles atribuem, sem nenhuma racionalidade, a instigação desse ataque", disse o antecessor de Alberto Fernández, em carta publicada nas redes sociais.
O texto foi publicado três dias depois que Cristina Kirchner foi alvo de uma tentativa de assassinato.
Em meio a uma multidão que cumprimentava a vice-presidente do lado de fora da residência, o brasileiro apontou uma pistola para o rosto dela, mas não houve disparo - a arma teria falhado, segundo a polícia.
"O próprio ministro do Interior (Eduardo de Pedro) estabeleceu um vínculo direto entre editoriais de jornais, rádio e televisão ao ataque contra Cristina Kirckner. Essa ligação é tão irracional como o próprio atentado e pode colocar em perigo a vida de jornalistas, a integridade de meios independentes e até mesmo a democracia", escreveu Macri.
No Twitter, De Pedro escreveu que o atentado não representaria um fato isolado, já que a mídia teria dado espaço para "discursos violentos".
Para o ex-presidente, o integrante do governo está "aproveitando do atentado", para incentivar à perseguição à imprensa e ao Poder Judiciário.
A Argentina vive um período de alta tensão política, e Cristina Kirchner é alvo de um pedido de prisão por parte do Ministério Público no contexto de um julgamento no qual ela é acusada de corrupção na concessão de obras públicas durante seus mandatos como presidente (2007-2015).
Desde então, grupos a favor e contra a ex-presidente e atual vice têm se manifestado nas ruas de Buenos Aires.
Em pronunciamento após o atentado, Alberto Fernández afirmou que considera o atentado o "acontecimento mais grave" na Argentina desde o retorno à democracia, em 1983.