O observatório Urnas Abertas informou que as eleições gerais deste domingo (7) na Nicarágua, nas quais o presidente Daniel Ortega está buscando outra reeleição, registraram uma série de irregularidades, enquanto o partido de oposição Unidade Nacional Azul e Branca relatou altos níveis de abstenção.
Em um relatório sobre as primeiras cinco horas das eleições, o Urnas Abiertas identificou 200 atos de violência política nos centros de votação. Entre eles, estão "a negação de entrada aos promotores da oposição, intimidação por forças de choque paramilitares e sandinistas", e "trabalhadores estatais forçados a enviar uma foto da cédula com seu nome escrito no local onde o X está marcado".
A representante do observatório Olga Valle destacou que dois jornalistas do veículo independente "Masaya Al Día" foram detidos e posteriormente libertados enquanto faziam a cobertura.
Ela também relatou que havia casas de vigilância nas proximidades dos centros de votação de onde estava sendo feita uma contagem paralela dos que foram às urnas, especialmente dedicadas a seguir funcionários públicos, policiais à paisana e paramilitares.
O relatório também mencionou as visitas de militantes da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) às casas dos bairros para perguntar se as pessoas tinham ido votar, além de ameaças a militantes contra o comparecimento às urnas.
Outra integrante da Urnas Abiertas, Ligia Gómez, salientou que Ortega violou a Lei Eleitoral ao tentar influenciar o voto da população durante as eleições. Ela ainda relatou propaganda eleitoral pró-governamental nos centros de votação, e o uso de carros, incluindo ambulâncias, bem como pessoal do estado, para transportar os eleitores.
A coerção ou facilitação do voto se deveu ao fato de que os nicaraguenses atenderam ao chamado para uma "greve eleitoral", que consistia em não sair para votar.