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O Grupo de Aconselhamento Estratégico de Especialistas (SAGE, na sigla em inglês) da Organização Mundial da Saúde publicou na quinta-feira (18) suas recomendações a respeito da quarta dose da vacina da Covid-19, ou segunda dose de reforço, na nomenclatuda que considera duas doses o regime completo de vacinação. O SAGE não recomenda essa dose para toda a população, mas somente para grupos de risco.
A maioria da população não precisa da quarta dose, mas os idosos e pessoas com sistema imune suprimido e com problemas imunes genéticos poderiam se beneficiar dela, disse Soumya Swaminathan, cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde, à emissora indiana NDTV. A recomendação do SAGE cita também como vacináveis grupos com comorbidades (problemas de saúde que agravam a Covid-19), mulheres grávidas e profissionais da saúde.
Na opinião da cientista, uma quarta dose não é necessária para proteção a longo prazo, mas confere um aumento temporário na produção de anticorpos contra o vírus da Covid-19 pelas defesas do organismo. "Em algumas semanas, baixa mais uma vez", explica. O grupo de especialistas da OMS afirma que a "eficácia da vacina se esgota em um período de quatro a seis meses" e que uma segunda dose de reforço, portanto, deve ser oferecida até meio ano após a última dose. Há uma recomendação da OMS de coadministração da dose junto com a vacina anual da gripe, o que parece sugerir que a Covid já se apresenta como uma doença análoga à gripe.
A fabricante de vacina de mRNA Moderna está trabalhando em uma atualização que tenha como alvo a variante ômicron e suas subvariantes. A meta deve ser a inclusão de tantos antígenos quanto possível, na opinião de Soumya. Antígenos são os alvos moleculares do vírus reconhecidos pelos anticorpos.
Até agora, em vacinas de mRNA como a da Moderna e a da Pfizer (só a última foi utilizada no Brasil), somente uma proteína da superfície do vírus é produzida nas células humanas com as instruções do mRNA e apresentada ao sistema imunológico como antígeno. Uma combinação de vacina com imunidade natural, a chamada imunidade híbrida, mostrou-se até agora o melhor tipo existente de proteção contra a Covid-19. Toda vacina visa a emular o que acontece quando o organismo é infectado por um patógeno, sobrevive a ele e cria defesas.