Papa Francisco: “distanciamento das instituições” causa “retrocesso da democracia”| Foto: EFE
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Em encontro com a presidente e o primeiro-ministro da Grécia, Katerina Sakelaropul e Kyriakos Mitsotakis, durante seu primeiro compromisso no país, o Papa Francisco afirmou que há um "um retrocesso da democracia" na Europa e no resto do mundo, causado principalmente pelo populismo e da "distância das instituições".

"Não se pode deixar de constatar com preocupação como hoje, não apenas no continente europeu, se registra um retrocesso na democracia", disse o papa, recordando que a Grécia é a terra natal do sistema democrático. "O autoritarismo é expedito [diligente], e as promessas fáceis propostas pelo populismo mostram-se atraentes", completou.

Segundo o pontífice, "em sociedades, preocupadas com a segurança e anestesiadas pelo consumismo, o cansaço e o mal-estar levam a uma espécie de ceticismo democrático", uma desconfiança causada pela "distância das instituições, pelo temor à perda de identidade e pela burocracia". Francisco apelou para que se passe "do partidarismo à participação, do mero compromisso para apoiar uma fação a um envolvimento ativo na promoção de todos".

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O líder da Igreja Católica criticou também o "egoísmo nacionalista", que faz com que Europa, "em vez de ser o motor da solidariedade, parece por vezes bloqueada e descoordenada". "Se antes contrastes ideológicos impediam a construção de pontes entre o leste e o oeste do continente, hoje a questão da migração também abriu brechas entre o sul e o norte", explicou Francisco, que encerrou o discurso saudando Atenas como uma "cidade gloriosa" e recordando que os Evangelhos foram escritos em grego, uma "língua imortal".

A passagem pela Grécia é a última etapa da 35ª Viagem Apostólica do pontificado de Francisco, que completa nove anos em 2022. Antes de chegar ao país, o papa passou pelo Chipre, onde visitou comunidades religiosas e abordou o problema da imigração.